terça-feira, 15 de agosto de 2017

VIAGEM AOS PAÍSES BÁLTICOS – (IV)

Tallinn – Um museu vivo e uma joia medieval
A Estónia surpreende o visitante pelo seu aspeto rural e simples, muito mais próximo da Finlândia, tanto em relação à língua como a alguns aspetos culturais.
Com apenas 1,4 milhão de habitantes, as paisagens planas e campestres são destaque no horizonte.
Tallinn, a capital, é uma cidade que com pouco mais de 400 mil habitantes, aproximadamente um terço da população total do país, apresenta-se-nos com uma mistura incrível. O centro histórico medieval destaca-se pelo seu charme, as suas igrejas (a cidade é privilegiada pela existência de igrejas ortodoxas, presbiterianas e católicas), os prédios históricos e as suas vielas de paralelepípedos fazem-nos sentir regredir no tempo.
No cimo da colina Toompea, no centro da cidade, há uma excecional vista da baía de Tallinn. Ao mesmo tempo, os bairros do lado de fora da muralha são marcados por prédios e modernos centros comerciais.
Tudo é muito verde e com parques públicos. Um pouco mais afastado há os grandes conjuntos habitacionais soviéticos, onde a arquitetura funcionalista toma forma no horizonte. Em toda a cidade alguns antigos edifícios soviéticos estão abandonados e dão um ar misterioso, mostrando que aquele lugar tem um passado que já não lhe pertence.
Ainda em relação a Toompea, deverá destacar-se que aí fica situada a Catedral de Alexandre Nevsky, do rito ortodoxo russo, construída no séc. XIX; o Castelo Toompea, dos séc XIII e XIV, a sede do Parlamento Estónio, ou Riigikogu; Toomkirik, a Catedral Luterana fundada em 1233; o Museu de Arte Estónia, que ocupa um edifício nobre do séc. XVIII, perto de Toomkiirik, e a Kiek-in-de Kok, robusta torre que foi construída por volta de 1475.
Tudo em Tallinn tem história e apesar das invasões sucessivas dos países vizinhos, a cidade antiga mantém uma arquitetura e atmosfera medieval únicas.
Castelos de torres redondas e telhados pontiagudos, as grandes muralhas defensivas, as ruas de empedrado irregular – que os locais se apressaram a construir e reconstruir ao longo dos tempos. É assim que hoje encontramos a capital da Estónia.
Depois de séculos de pilhagens e bombardeamentos por dinamarqueses, cavaleiros teutónicos, suecos, russos, nazis e soviéticos, é espantoso que a cidade mantenha mais do seu passado histórico do que a grande maioria das suas congéneres europeias, mas a verdade é que a parte antiga da cidade possui quilómetros de ruelas sinuosas com casas medievais, uma muralha de dois quilómetros e meio com vinte e seis torres defensivas, igrejas seculares e ainda bairros com casas tradicionais de madeira, como os de Kalamaja e Lillekula.
O próprio nome do país, Eesti, parece vir do termo usado pelos romanos para as tribos dessa região, a Leste dos germânicos, e Tallinn foi já referida em 1154 pelo cronista árabe Al Idrissi como “Kolovan” – o nome Tallinn deriva do estónio taani linn, “cidade dinamarquesa”, surgiu nos tempos em que estes a ocupavam.
E sobretudo não há quem não fique seduzido pela linha descontínua das muralhas semeada de torreões austeros com telhados cónicos – um deles, de uma rotundidade exagerada, baptizado de Margaret Gorda , pela catedral ortodoxa russa de Alexandre Nevsky, ou a luterana Toomkirik, que são apenas alguns dos monumentos que a cidade oferece aos visitantes.
Todas as ruas de Tallinn parecem convergir para Raekoja Plats, a Praça do Município e a praça do mercado, que data do séc. XI, com as suas casas góticas de cores outonais em contraste com a pedra do chão e das muralhas. Lá se encontram muitos e agradáveis cafés e restaurantes, a prefeitura gótica do sec. XIV e uma farmácia, a Raepteek, que abriu em 1422. Mais a norte encontramos a Igreja Oleviste, cuja torre, ao seu tempo, foi o edifício mais alto do mundo (com 159 metros de altura).

Depois deste "mergulho" calmo ao passado, que a cidade velha de Tallinn nos proporciona, não seria possível deixarmos de fazer uma visita ao Museu Etnográfico de Rocca al Mare, um museu ao ar livre, cujo batismo se deve a um comerciante italiano que aí construiu uma casa no século XIX. Por entre bosques e a costa, expostos em 84 hectares, encontramos uma excelente mostra de 100 construções típicas da Estónia dos séculos XVIII e XIX: habitações em vários estilos de arquitetura rural com mobiliário da época, moinhos de vento, estábulos e uma capela, tudo construído em madeira, com troncos sobrepostos, telhados de colmo e pinturas tradicionais. 

Tallinn é uma das cidades da Europa que melhor conserva a sua origem hanseática, figurando mesmo na lista da Unesco, como sendo um museu vivo, exemplo dos tempos grandiosos que viveram as cidades hanseáticas.

Ao terminar esta crónica deverá referir-se que a romântica e viva Tallinn retrata, ao mesmo tempo, o passado e o futuro.
Vasco Lopes da Gama
Fonte: Dados extraídos da Internet + ("Artigo de Ana Isabel Mineiro")

Sem comentários:

Enviar um comentário