segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Oração da noite


Boa noite, Pai. 
Termina o dia e a Ti entrego meu cansaço.
Obrigado por tudo e perdão.

Obrigado pela esperança que hoje animou os meus passos.
Pela alegria que vi no rosto das crianças. 
Obrigado pelo exemplo que recebi dos outros.
Obrigado também por isso que me fez sofrer... 
Obrigado porque naquele momento de desânimo me lembrei que tu és meu Pai.
Obrigado pela luz, pela noite, pela brisa, pela comida, pelo meu desejo de superação.
Obrigado, Pai, porque me deste uma mãe compreensiva e carinhosa. 

Perdão, também, Senhor...
Perdão pelo meu rosto carrancudo.
Perdão porque me esqueci de que não sou filho único, mas irmão de muitos. 
Perdão, Pai, pela falta de colaboração.
Pela ausência de espírito de servir. 
Perdão porque não evitei aquela lágrima, aquele desgosto. 
Perdão por ter guardado para mim a tua mensagem de Amor. 
Perdão por não ter sabido hoje entregar-me e dizer: "sim", como Maria.
Perdão por aqueles que deviam pedir-Te perdão e não se decidem a fazê-lo. 
Perdoa-me Pai, e abençoa os meus propósitos para o dia de amanhã.
Que ao despertar, me domine um novo entusiasmo.
Que o dia de amanhã seja um continuo "sim" numa vida consciente.

Boa noite, Pai. Até amanhã.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Feliz Natal!


O tão citado espírito natalício contagia povos, raças e multidões.

Cada um tem o seu conceito e definição para essa data. Boa parte das pessoas esperam esta época do ano para praticarem atos ousados com objetivos novos de mudança, transformação e melhoria de vida. 

Existem também aqueles que apenas planeiam esses atos, mas acabam acomodando-se com o tempo, deixando o desejo e a mudança escapar como se fosse um pássaro, pássaro esse que só regressa na mesma data do ano seguinte, não porque ele queira, mas sim por que as pessoas assim o preferem.

Feliz será o dia em que todos nós comemoremos o Natal não apenas com sonhos e desejos, mas também com lembranças de grandes realizações e vitórias. Para isso ocorrer, basta prender no interior essa fé natalícia que é nada mais nada menos, que a fé e a esperança oferecida por DEUS todos os dias do ano, mas que, infelizmente, o homem apenas aceita nesta data.

Power Point  (PPS, PPT) -
O Natal aproxima, definitivamente, o homem e DEUS.

JESUS CRISTO fez a diferença, nasceu, morreu e ressuscitou por amor ao homem e hoje, ELE, continua agindo a favor da Humanidade.

Que o Dia de Natal possa representar para cada um de nós, o nascimento de um grande homem, com novos projetos e sonhos, capazes de mudar o mundo, capazes de, pelo menos, mudar a nossa própria realidade.

Um Feliz Natal para todos!
Vasco Lopes da Gama


segunda-feira, 31 de outubro de 2011

E SE DEUS TE MANDASSE UM E-MAIL ASSIM?


Olá! Como é que acordaste esta manhã?

Eu vi-te e esperei pensando o que falarias comigo, mesmo que fossem apenas umas poucas palavras…querendo saber a minha opinião sobre alguma coisa ou mesmo agradecendo-me por algo de bom que aconteceu na tua vida ontem.

Mandaste e-mails a todos os teus amigos, mas não falaste comigo... Tudo bem!

Notei que estavas muito ocupado tentando encontrar uma roupa apropriada para o trabalho. Então, esperei outra vez...

Quando andavas pela casa, de um lado para o outro, já pronto, eu estava lá. Seriam poucos minutos para ti dizer-me “olá Amigão!"

Mas estavas realmente muito ocupado. Como ainda tinhas 15 minutos antes de sair de casa, gastaste esse tempo apenas sentado numa cadeira, sem fazer nada!

À hora do almoço, esperei pacientemente outra vez enquanto estavas a ver TV e a comer a tua comida. Porém, mais uma vez, não falaste comigo!

Na hora de dormir devias estar muito cansado, pois apenas disseste boa noite à tua família, saltaste para a cama, caíste no sono e adormeceste rapidamente.

Tudo bem! Talvez não saibas que eu sempre estou ao teu lado, disponível.

Tenho muita paciência! Muito mais do que tu possas imaginar. Eu mesmo quero ensinar-te como ser paciente com as outras pessoas e como ser bom.

Amo-te tanto que espero todos os dias por um sinal teu, um simples inclinar de cabeça, uma oração, um pensamento ou um agradecimento.

Sabes, é muito difícil uma conversa quando só existe um lado! Só um disposto a conversar. Bem, tu vais levantar-te outra vez para um novo dia e mais uma vez e … mais outra vez, e outra vez, sem falar comigo. E serão muitas vezes...

Um abraço do teu sempre Pai e Amigo,

DEUS

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Por um envelhecimento activo

A velhice é, sem dúvida, uma etapa da vida especialmente intensa, que exige uma mobilização de energia com vista ao ajustamento ao novo universo de sociabilidades de cada um de nós.

Esta fase etária da vida caracteriza-se pela diminuição das capacidades físicas, psicológicas e sociais, devendo ser acompanhada por um estímulo efectivo às capacidades da pessoa idosa, tendo em vista manter o seu papel social como pessoa e a manutenção das suas possibilidades e capacidades de desenvolvimento.

Os idosos devem considerar a velhice como um fenómeno natural. Isso ajuda-os a dar mais sentido à sua vida, sendo mais felizes e a integrar-se mais no seu meio e na sociedade.

O envelhecimento pode acarretar situações de fragilidade e dependência, mesmo em pessoas que têm uma atitude positiva em relação à sua vida. Um indivíduo, mesmo portador de uma doença, poderá sentir-se saudável, desde que seja capaz de desempenhar funções e actividades, capaz de alcançar expectativas e desejos e ter projectos, procurando manter-se activo no seu meio, ou seja, ter alguma função social que lhe proporcione uma boa qualidade de vida.

A reforma favorece o isolamento social, a inactividade e a depressão, uma vez que a retirada do mundo do trabalho, independentemente da sua vontade, gera no indivíduo um sentimento de falta de importância, utilidade e auto-estima, sobretudo numa sociedade onde o estatuto da pessoa idosa está ligado ao trabalho e à rentabilidade.

A idade da reforma, entendida no sentido de "deixar de trabalhar", tem repercussões diferentes em cada indivíduo, o que quer dizer que, se por um lado existem idosos que após a reforma continuam a ter uma vida social activa, por outro lado, a realidade mostra-nos que a maioria acaba por "cair" na inactividade e no desinteresse.

A maioria das pessoas idosas tem uma fraca participação na sua comunidade, o que gera sentimentos de solidão e desvalorização, com repercussões quer ao nível da integração sócio familiar quer ao nível da saúde física e psíquica, para além das fracas condições de vida em que a maioria da população idosa portuguesa vive, induzem-na a uma fraca mobilidade e a um consumo passivo de serviços que lhes são oferecidos, sem alternativas de escolha, sendo a pessoa idosa frequentemente dissuadida da actividade e persuadida à inércia quase vegetativa, sendo-lhe assim vedado o acesso à participação e intervenção nas decisões que lhe dizem respeito, como membro activo da sociedade.

Por outro lado, ainda hoje prevalece, numa boa parte da população, a visão tradicional da pessoa idosa como sendo alguém inútil, isolado, em declínio biológico e mental, com problemas de saúde e, na maioria das vezes, dependente física e economicamente de alguém.

A maior parte dos sinónimos da palavra "velho" carregam uma conotação depreciativa. O "Velho" não pode ser sinónimo duma pessoa que atrapalha as outras, de alguém que perdeu o direito à dignidade, à sobrevivência, à cidadania.

A entrada na "terceira idade" significa o início de uma nova etapa da vida que, se bem preparada e estimulada, pode ser promissora em termos de realizações de projectos, planos e sonhos que foram adiados e que, nesta altura, poderão proporcionar grandes benefícios na procura de um novo sentido para a vida.

Dedicar o tempo às actividades de lazer, de desporto e de criatividade, deve fazer parte do projecto de vida para esta fase da existência, favorecendo novos espaços de socialização e de participação na vida social, política, económica e cultural.

É bem verdade que o homem existe na medida em que realiza o seu projecto de vida e as Universidades Seniores são um dos importantes meios dinamizadores para obtenção desse desiderato.

Na "terceira idade" devemos continuar a fazer apelo à mobilização, a continuar a fazer, a criar, a descobrir, ou seja -  a viver!

Vasco Lopes da Gama

domingo, 18 de setembro de 2011

Acabaram as férias!


As férias "oficiais" terminaram.

As férias judiciais também já acabaram e este ano o regresso dos magistrados promete.

Os próximos meses poderão decidir o desfecho de alguns dos processos mais mediáticos - e longos - da história da justiça portuguesa. A chegada de Setembro coincide com a implementação de algumas medidas por parte do Ministério da Justiça - por força do Memorando da "troika".

Durante o Verão, Portugal resolveu um problema com décadas. Acabaram os direitos especiais do Estado em empresas cotadas. A última das empresas onde o Estado ainda tinha direitos especiais, a “EDP, libertou-se dessa intervenção. Primeiro terminou a "golden share" da "PT", em finais de Julho, depois foi a "Galp Energia" e, por último, foi a vez da "EDP". 

Tudo isto aconteceu em menos de dois meses, neste Verão de 2011 - entre 5 de Julho, quando o Governo aprovou em Conselho de Ministros o fim das "golden share", e 25 de Agosto, o dia em que se acabou com os direitos especiais do Estado na “EDP”. 

Em poucos dias, com boa parte dos portugueses de férias, terminou um processo com anos que opunha Portugal às instâncias europeias, por violação das regras do mercado único de livre circulação de capitais e de concorrência. 

A história das três "golden share" é a imagem da paralisia em que o País estava, acorrentado pelos poderes instalados. Foram quase duas décadas a tentar mudar sem nada conseguir. E no Verão de 2011 tudo se fez. Sem estudos, debates ou pareceres, graças à "troika".

Mas, para os Seniores, a chegada do mês de Setembro pode representar a abertura duma janela de oportunidades para umas "escapadelas" pelo nosso país.
  
Aproveitemos, pois, que a azáfama das férias já terminou, que as grandes enchentes para tudo acabaram, e aproveitemos para passar uns dias relaxantes e, certamente mais económicos, por este nosso belo Portugal.

Difícil vai ser escolher o melhor destino! Procuremos explorar todos os cantos e recantos do país e convivamos com a nossa História e cultura. Apaixonemo-nos por paisagens únicas e não deixemos de saborear a genuína gastronomia portuguesa.

Se a opção recair pelas terras algarvias, para além dos bons passeios à beira-mar não devemos deixar de comer uma saborosa cataplana.

A Idade de Ouro deverá ser vivida em pleno, com muitos e bons momentos!
Vasco Lopes da Gama

sábado, 10 de setembro de 2011

As mãos do meu avô!


Meu avô, com noventa e tantos anos, sentado debilmente no banco do jardim, não se movia. 

Estava cabisbaixo, olhando para as suas mãos. Quando me sentei ao seu lado, nem deu pela minha presença.

E o tempo passava…

Sem querer incomodá-lo, mas querendo saber como estava, perguntei-lhe como se sentia.

Levantou a cabeça, olhou-me e sorriu. "Estou bem, obrigado por perguntares", disse com uma forte e clara voz.

Expliquei-lhe que não queria incomodá-lo, mas queria ter certeza de que estava bem, já que estava sentado, imóvel, simplesmente, olhando para suas mãos.

Meu avô perguntou-me: "Alguma vez já olhastes as tuas mãos? Quero dizer, olhaste realmente para elas?"

"Tu nunca voltarás a ver as tuas mãos da mesma maneira…"   

Lentamente soltei minhas mãos das de meu avô, abri-as e contemplei-as. Virei as palmas para cima e depois para baixo.

Não, creio que realmente nunca as tinha observado. Queria saber o que o meu avô me queria dizer.

Meu avô sorriu e disse-me...

"Para e pensa um momento sobre como tuas mãos te têm servido através dos anos. Estas mãos, ainda que enrugadas, secas e débeis têm sido as ferramentas que usei toda a minha vida para alcançar, pegar e envolver.

Elas puseram a comida na minha boca e a roupa no meu corpo. Quando criança, minha mãe ensinou-me a juntá-las em oração. Elas ataram os atacadores dos meus sapatos e ajudaram-me a calçar as minhas botas.

Estiveram sujas, esfoladas, ásperas, entrelaçadas e dobradas...

Foram inábeis quando tentei embalar a minha filha recém nascida...

Foram decoradas com uma aliança e mostraram ao mundo que estava casado e que amava alguém muito especial...

Elas tremeram quando enterrei meus pais e esposa, e quando entrei na igreja com minha filha no dia do seu casamento.

Elas têm coberto o meu rosto, penteado o meu cabelo e lavado e limpo todo o meu corpo.

E, até hoje, quando quase nada em mim funciona bem, estas mãos ajudam-me a levantar e a sentar e ainda se juntam para eu orar.

Estas mãos têm as marcas de onde estive e a dureza de minha vida.

Mas, o mais importante, é que são estas mãos que Deus tomará nas Suas quando me levar à Sua presença!"

Desde então, nunca mais vi as minhas mãos da mesma maneira.

Mas lembro-me quando Deus esticou as Suas mãos e tomou as de meu avô e o levou à Sua presença.

Na verdade, as nossas mãos são uma bênção.

Cada vez que uso as minhas mãos penso no meu avô, e pergunto-me: “Será que estou fazendo bom uso das minhas mãos?”

E sempre que a minha consciência responde que “estou a usar as minhas mãos para praticar o bem, para trabalhar honestamente, que as estou a usar para dar carinho e amparo a quem necessita”, sinto-me feliz e em paz…

E agradeço ao Criador por tamanha bênção, esperando que Ele estenda Suas mãos para que, também eu, um dia, possa nelas repousar!”

A vida acontece no presente, sempre!

Há somente o hoje, o agora, e que este possa ser o nosso momento com Deus!

Agradeçamos, por tudo o que temos na vida… e também pelas nossas mãos que, com bondade, ajudam a tornar o HOJE, um dia MELHOR!

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Ser mulher!


Esta é uma pequena e singela crónica de homenagem às Mulheres, de todas as idades e de todas as nacionalidades.

As mulheres têm energias que surpreendem os homens!

Elas enfrentam dificuldades e regulam os problemas graves, contudo, elas têm felicidade, amor e alegria.

Sorriem quando queriam gritar, cantam quando queriam chorar, choram quando são felizes e riem quando estão nervosas. 

Lutam por aquilo em que acreditam.

Revoltam-se contra a injustiça.

Não aceitam um "não" por resposta quando crêem que há uma solução melhor. 

Elas privam-se para manter a família de pé.

Elas vão ao médico com uma amiga receosa.

Elas amam, incondicionalmente. Lutam por aquilo em que acreditam.

Elas choram quando os seus filhos têm sucesso e congratulam-se pelas possibilidades de seus amigos.

São felizes quando se propõem falar de um baptizado ou de um casamento.

O seu coração quebra-se quando um amigo morre. Sofrem pela perda de uma pessoa querida.

Sem dúvida que são fortes quando pensam que não têm mais energia.

Elas sabem que um beijo e um abraço podem ajudar a cuidar de um coração quebrado.

Mas, não há dúvidas, na mulher, há um defeito...

É que ela esquece-se de quanto vale!
Autora: Nora  Uruguai

terça-feira, 5 de julho de 2011

Poesia Matemática – Millôr Fernandes

Millôr Fernandes
Às folhas tantas 
do livro matemático

Um Quociente apaixonou-se
Um dia
Doidamente
Por uma Incógnita.

Olhou-a com seu olhar inumerável
E viu-a, do Ápice à Base...
Uma Figura Ímpar;
Olhos rombóides, boca trapezóide,
Corpo ortogonal, seios esferóides.

Fez da sua
Uma vida
Paralela à dela.
Até que se encontraram
No Infinito.

'Quem és tu?' indagou ele
Com ânsia radical.
'Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode chamar-me Hipotenusa.'

E de falarem descobriram que eram
O que, em aritmética, corresponde
A alma irmãs
Primos-entre-si.

E assim se amaram
Ao quadrado da velocidade da luz.
Numa sexta potenciação
Traçando
Ao sabor do momento
E da paixão
Rectas, curvas, círculos e linhas sinusoidais.

Escandalizaram os ortodoxos
das fórmulas euclidianas
E os exegetas do Universo Finito.

Romperam convenções newtonianas
e pitagóricas.
E, enfim, resolveram casar-se.
Constituir um lar.
Mais que um lar.
Uma Perpendicular.

Convidaram para padrinhos
O Poliedro e a Bissectriz.
E fizeram planos, equações e
diagramas para o futuro
Sonhando com uma felicidade
Integral
E diferencial.

E casaram-se e tiveram
uma secante e três cones
Muito engraçadinhos.
E foram felizes
Até àquele dia
Em que tudo, afinal,
se torna monotonia.

Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum...
Frequentador de Círculos Concêntricos.
Viciosos.

Ofereceu, a ela,
Uma Grandeza Absoluta,
E reduziu-a a um Denominador Comum.

Ele, Quociente, percebeu
Que com ela não formava mais Um Todo.
Uma Unidade.
Era o Triângulo,
chamado amoroso.
E desse problema ela era a fracção
Mais ordinária.

Mas foi então, que Einstein descobriu a Relatividade.
E tudo que era expúrio passou a ser Moralidade
Como aliás, em qualquer Sociedade.

Millôr Fernandes
(Texto extraído do livro "Tempo e Contratempo", publicado em 1949, com o pseudónimo de Vão Gogo)

sábado, 25 de junho de 2011

Verão – tempo de férias, lazer e exercícios ao ar livre

O Verão do hemisfério norte é chamado de “Verão boreal”, e o do hemisfério sul é chamado de “Verão austral”. O “Verão boreal” tem início com o solstício de Verão do Hemisfério Norte, que acontece em 21 de Junho.

Neste período, as temperaturas permanecem elevadas e os dias são longos.

Geralmente, o verão é uma época do ano linda para ir à praia, tirar férias, fazer viagens, passeios e diversão, para além de muitas outras coisas. Tudo isto somado proporciona-nos um roteiro que, para além de atraente, tem espaço para todos: os que querem gozar os seus merecidos momentos de descanso e aqueles que continuam a trabalhar nesta estação do ano.

No entanto, nos dias muito quentes que se vão fazendo, há um aspecto que nunca nos devemos esquecer – a precaução! Todos devemos tê-la em doses bastante grandes e generosas.

Sem dúvida que o verão traz alegria mas, não havendo uma correcta observância de algumas necessárias precauções, podem surgir alguns malefícios.

Verão é uma época ideal para momentos de lazer ao ar livre. Mas para isso é preciso, não só ter disposição, mas também energia. Por isso, manter uma alimentação saudável torna-se indispensável.

Para além da energia, deverá também prestar-se atenção a outras questões tais como, por exemplo, a “Hidratação”, pois as altas temperaturas aumentam a libertação de líquidos e sais minerais pelo suor. Isto deve levar a que nunca nos devemos esquecer de ter sempre à mão uma garrafinha de água, bem como sumos e/ou chás gelados.

Deve ainda tomar-se muito cuidado e atenção para as “tentações” que estão presentes nas praias, parques e locais de lazer, tais como: o camarão, o peixe frito, o pastelinho, a batata frita, o salgadinho, as pipocas e os hambúrgueres, entre outros. Todos estes alimentos são ricos em calorias e gorduras, cuja ingestão pode causar um certo mal-estar e desconforto.

Outro aspecto importante é a prática de actividades físicas, principalmente durante o verão, as quais devem ser praticadas com cautela. Muitas pessoas sentem-se mal por levar ao extremo o exercício físico, ou por não levar em consideração algumas regras essenciais para dias de muito sol e quentes – como é o caso da hidratação. Beber água antes, durante e após as actividades físicas é de extrema importância devido às altas temperaturas, uma vez que o corpo perde mais água e sais minerais, provocando um aumento do risco de tonturas e de mal-estar. O cuidado com as roupas e o calçado também é fundamental, recomendando-se o uso de modelos confortáveis, tecidos leves e uns bons ténis.

Na estação do sol, as actividades ao ar livre não são apenas constituídas de exercícios. Jogar à bola, brincar com raquetes no parque, ou passear com o cão, são alguns exemplos das actividades que, em períodos de lazer, também promovem resultados físicos e mentais positivos.

Aproveitemos, pois, a energia do verão  saindo de casa e divertindo-nos!
Vasco Lopes da Gama

domingo, 12 de junho de 2011

A Implosão da Mentira

          A Implosão da Mentira
                          ou
        o Episódio do Riocentro

                   Fragmento 1
Mentiram-me. Mentiram-me ontem
e hoje mentem novamente. Mentem
de corpo e alma, completamente.
E mentem de maneira tão pungente
que acho que mentem sinceramente.
Mentem, sobretudo, impune/mente.
Não mentem tristes. Alegremente
mentem. Mentem tão nacional/mente
que acham que mentindo história afora
vão enganar a morte eterna/mente.
Mentem. Mentem e calam. Mas suas frases
falam. E desfilam de tal modo nuas
que mesmo um cego pode ver
a verdade em trapos pelas ruas.

Sei que a verdade é difícil
e para alguns é cara e escura.
Mas não se chega à verdade
pela mentira, nem à democracia
pela ditadura.


           Fragmento 2

Evidente/mente a crer
nos que me mentem
uma flor nasceu em Hiroshima
e em Auschwitz havia um circo
permanente.
Mentem. Mentem caricatural-
mente. 
Mentem como a careca
mente ao pente,
mentem como a dentadura
mente ao dente,
mentem como a carroça
à besta em frente,
mentem como a doença
ao doente,
mentem clara/mente
como o espelho transparente. 
Mentem deslavadamente,
como nenhuma lavadeira mente
ao ver a nódoa sobre o linho. Mentem
com a cara limpa e nas mãos
o sangue quente. Mentem
ardente/mente como um doente
em seus instantes de febre. Mentem
fabulosa/mente como o caçador que quer passar
gato por lebre. E nessa trilha de mentiras
a caça é que caça o caçador
com a armadilha.

E assim cada qual
mente industrial? mente,
mente partidária? mente,
mente incivil? mente,
mente tropical? mente,
mente incontinente? mente,
mente hereditária? mente,
mente, mente, mente.
E de tanto mentir tão brava/mente
constroem um país
de mentira
-diária/mente.
Affonso Romano Sant’Anna
(Publicado no livro Política e Paixão - 1984)

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Recordações duma viagem ao Alentejo (V) - Marvão

Entre os solos quase esqueléticos que bordejam o Rio Tejo e as grandes serranias de S. Mamede, o Concelho de Marvão, marcado a Norte pelos exuberantes afloramentos graníticos e pelo fértil vale da Aramenha que o delimita pelo Sul, sempre dependeu das águas do Rio Sever, que o separa das terras de Espanha pelo nascente e que justificaram os primeiros estabelecimentos humanos nesta região.

Vista da Vila de Marvão
Contrastando com as secas planuras do outro Alentejo, os estreitos vales da falda norte de Marvão oferecem solos leves e bem drenados amenizados por um micro clima que propiciou a fixação humana deste épocas muito recuadas. Na encosta sul, o vale é mais alargado e as terras de areia dão lugar a pesados solos argilosos que os romanos não esqueceram. Entre estes dois territórios naturais emergem na alta e lavada crista quartzítica os fortificados muros de Marvão. Mas as razões que levaram os homens, ao longo de vários séculos, a investirem naquele alcantilado monte teremos que as procurar nos vestígios arqueológicos que o rodeiam.

Em suaves encostas maioritariamente viradas ao Rio Sever, umas vezes disfarçadas por entre os grandes afloramentos graníticos, outras dominando os pequenos vales, fonte do sustento dos seus construtores, vinte e cinco dólmenes monumentalizaram, pela primeira vez as belas e enrugadas paisagens de Marvão. Contrastando com as muito mexidas, violadas, ou mesmo escavadas antas dos concelhos vizinhos, os monumentos megalíticos de características funerárias do concelho de Marvão, porque, intencionalmente esquecidos, configuram-se como uma das poucas reservas científicas de Portugal. Ainda que volumetricamente não se enquadrem entre as de maiores dimensões, as antas de Marvão são o reflexo de uma economia onde os excedentes não seriam muito abundantes, mas suficientes para possibilitarem aos seus construtores o tempo e a conjugação de esforços para a necropolização da paisagem. Algumas, sabiamente reaproveitadas, mas respeitadas ao longo dos milénios, chegaram até nós inseridas em estruturas agrícolas. Desses longínquos 3º e 4º milénios antes de Cristo conhecem-se, na área do concelho de Marvão, para além de vinte e cinco antas , três menires . Destes, dois conservam-se in situ, parte de um terceiro guarda-se no Museu Municipal. Os setenta centímetros do menir da Água da Cuba, provavelmente o de menores dimensões conhecido isoladamente, contrasta com o dos Pombais, talhado directamente num afloramento natural, cuja altura ultrapassa os três metros.

Castelo de Marvão
A utilização dos rochedos de Marvão para refúgio de povoações assoladas por povos invasores, como atalaia ou como ponto estratégico em termos estritamente militares, datará, pelo menos, do período romano.

Com a chegada dos Romanos, outra página começa a ser escrita nas terras de Marvão. As comunidades que sobreviviam nos alcantilados montes descem de novo aos vales. Mais pela força das armas do que por vontade própria, como os vestígios arqueológicos bem o demonstram no Castelo de Vidago, os habitats fortificados da Idade do Ferro sucumbem e as terras com melhor aptidão agrícola começam a ser intensamente exploradas. Várias vilas e casais agrícolas redesenham a paisagem de Marvão. Porto da Espada, Pombais, Pereiro, Amoreiras, Escusa, Garreancho, entre outras de menor dimensão, são locais ocupados por explorações agrícolas romanas. Faustosas casas revestidas por mosaicos, amplos armazéns, moinhos e termas assinalam a riqueza que os romanos souberam retirar dos solos agora por eles ocupados. No Vale da Aramenha, em terras pesadas e férteis e onde a água abunda, pelos inícios do século I, os Romanos instalam uma nova cidade. Ammaia se chamava. Mais do que um grande centro cosmopolita, reconhece-se hoje que Ammaia terá sido uma cidade de lazer, satélite da grande Mérida.

Entre o século V e o IX, um cataclismo, provavelmente o galgamento de uma barragem que reforçaria o abastecimento de água à cidade, cobre sobretudo a parte baixa de Ammaia com um mar de lama e pedras arrastadas pela força das águas incontroláveis. Apenas os muros mais altos e resistentes sobressaem do inesperado e rápido aterramento da cidade.

Com a decadência da estrutura política romana, assiste-se, pelo menos na área do concelho de Marvão a um enxameamento de pequenos núcleos habitacionais implantados em zonas bem disfarçadas na paisagem. A instabilidade que se vive desde o século V até, praticamente, à época da Reconquista Cristã terá contribuído para essa nova reorganização na ocupação do território do actual concelho de Marvão. Mais de uma vintena de pequenos núcleos, alguns rasgados por arruamentos, atribuíveis à Alta-Idade-Média, espalham-se, sobretudo por entre os grandes afloramentos graníticos que marcam a paisagem das encostas viradas a Norte da Serra de Marvão. Mas a grande formação quartzítica que sustenta Marvão parece não ter estado alheia a todos estes e outros episódios.

Passados os períodos de maior instabilidade, marcados pela desagregação do império romano e da chegada dos bárbaros, com o domínio islâmico a paisagem humana do concelho de Marvão assiste a outra viragem. Gradualmente, os pequenos núcleos urbanos que se constituíram com a desorganização da estrutura romana começam a ser abandonados e as gentes afluem à nova fortificação fundada por Ibn Maruán. 

Com a conquista e refortificação de Marvão, pelos cavaleiros da cristandade, assiste-se, então ao completo abandono desses habitats da Alta-Idade-Média, embora, alguns, como sejam os casos de Ranginha e Barretos, se mantivessem continuamente ocupados. Marvão terá chamado a si, nessa altura, as gentes que, de forma algo dispersa ocupavam os pequenos vales desde a decadência do Império Romano, constituindo-se, assim, como um dos espaços fortificados mais importantes a Sul do Tejo durante a Primeira Dinastia.


ARTESANATO TÍPICO

Entre as espécies arbóreas que cobrem os solos do concelho, o castanheiro, assume-se como um elemento de extrema importância na economia local, em especial na vertente sul onde conta com importantes manchas de soutos e castinçais, geradores de emprego e riqueza.

Efectivamente o artesanato que tem como matéria-prima o castanheiro, é um valor que faz parte do património cultural dos marvanenses, possuindo um grande manancial de variantes, onde se destacam os bordados tradicionais com casca de castanha, as escadas em castanho e a cestaria em madeiro de castanheiro.

A cestaria de castanho é um conjunto de entrançados e entrelaçados, cuja origem está ligada à vida doméstica rural, como forma de armazenamento e transporte dos frutos e resguardo das utilidades da casa, compreendendo a técnica de fabricação de cestos e canastras.

Para além do artesanato ligado ao castanheiro pode-se ainda encontrar alguns objectos trabalhados em madeira, cortiça e barro.

     

    
    

Vasco Lopes da Gama

Recordações duma viagem ao Alentejo (IV) - Castelo de Vide

Castelo de Vide é uma vila portuguesa no Distrito de Portalegre, região do Alto Alentejo.

É sede de um município com 264,83 km² de área, subdividido em 4 freguesias. O município é limitado a nordeste por Espanha, a leste pelo município de Marvão, a sul pelo município de Portalegre, a sudoeste pelo município do Crato e a oeste e noroeste pelo município de Nisa.

O carácter romântico da vila de Castelo de Vide, associado aos seus jardins, abundância de vegetação, clima ameno e proximidade da serra de São Mamede, tornou-a conhecida por "Sintra do Alentejo" (esta designação é atribuída ao rei D. Pedro V).
 
Toda a região de Castelo de Vide testemunha a presença do homem desde os tempos mais remotos da sua existência, pois os vestígios arqueológicos, desde o paleolítico até ao tempo actual, comprovam a continuidade da permanência dos ocupantes ao longo das épocas, ex: menir da meada, necrópole megalítica dos coureleiros, construções de falsa cúpula, várias antas.

O património arquitectónico de Castelo de Vide é de uma grande riqueza, é a expressão de uma história plena de vicissitudes, permanecendo vivos os sinais de diferentes ocupações. Merecem destaque o burgo medieval, o castelo, o forte de S. Roque, as muralhas que envolvem a vila, a judiaria, a sinagoga medieval e as portas e janelas ogivais dos séculos XIV a XVI, bem como muitas e belas igrejas. Para além de constituir uma forte atracção turística, o património arquitectónico de Castelo de Vide constitui um elemento de referência na identidade territorial dos seus habitantes. A população residente é de 4144 habitantes, e a economia local assenta principalmente no turismo.




No que diz respeito à fauna e à flora, a diversidade das condições ecológicas aponta para a presença de numerosas comunidades de animais. Aves consideradas raras, como a águia-de-bonelli e o grifo, repartem o território com gaviões, águias cobreiras, peneireiros-cinzentos, milhafres e tartaranhões, havendo ainda a assinalar a presença do bufo-real e da coruja-do-mato. Para além das aves de presa, é de notar a presença da cegonha-negra em Castelo de Vide, enquanto um numeroso grupo de passeriformes povoa os recantos serranos. No seu conjunto, as espécies referenciadas representam mais de metade das dadas como nidificantes no país.

Numa região em que a expressão mediterrânica é manifesta, a presença de carvalhais e castinçais conferem a este Alentejo um sabor de paragens setentrionais, ambas vivem em paredes meias com sobreiros, azinheiras, oliveiras e todo um cortejo de espécies silvestres, algumas das quais raras.

No subsolo encontram-se várias jazidas de cobre, ferro, chumbo, volfrâmio. A qualidade dos seus níveis freáticos permitem o aparecimento de muitas nascentes por todo o Concelho, destacando-se as propriedades das águas minero-medicinais (Vitalis e Castelo de Vide) exploradas mais a sul na zona de granitos, constituíndo um importante recurso industrial. 

Castelo de Vide é quase sinónimo de águas, nascentes e fontes.

  
No século XVIII há notícias que existiam no termo de Castelo de Vide mais de trezentas fontes, algumas das quais certamente já desaparecidas, mas em contrapartida outras foram surgindo. Das várias fontes e fontanários poderemos destacar as seguintes: Fonte da Vila, Fonte do Montorinho, Fonte da Mealhada, Fonte do Ourives, Fonte do Pêro Boi, Fonte de S. Tiago, Fonte de Martinho, Fonte dos Besteiros, Fonte da Sra. da Penha, Fonte Sant'Ana, Fonte do Penedo Monteiro, Fonte Nova, Fonte do Vale Serrão, Pedra do Alentejo.
Vasco Lopes da Gama