segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Reflexão em Tempo de Férias (III) - Os jovens e os desafios do mercado de trabalho

O primeiro obstáculo que se depara aos jovens à procura de emprego é a sua falta de experiência profissional, uma vez que muitas empresas não procuram apenas pessoas com formação académica, mas também com alguma de experiência.
É esta combinação de formação académica de nível superior e experiência profissional que nos parece uma combinação quase impossível e paradoxal nos jovens pois, para ter experiência é preciso começar sem experiência, já que ela só se adquire com o tempo.
Mas infelizmente o mercado de trabalho ainda não vê as coisas dessa forma.
Conscientes disto, muitos dos nossos jovens têm procurado trabalhar nas férias e/ou durante o próprio ano escolar, em empregos temporários, tendo em vista começar a ganhar experiência no mundo do trabalho.
O facto de muitos jovens irem trabalhar/estagiar durante os estudos, tem-se mostrado importante e determinante para a sua vida profissional. É, nesse sentido, que muitas universidades e institutos têm incentivado e integrado estágios nos currículos dos seus cursos, como um requisito para a atribuição do grau de certificação académica e de conclusão dos cursos ministrados aos seus alunos.
A aplicação desta experiência de prática empresarial ajuda os alunos a constatarem, por si próprios, a aplicabilidade da teoria que lhes foi ministrada e isso dá-lhes a oportunidade de melhor poderem conhecer o mundo laboral e o seu real funcionamento, para além de lhes possibilitar um melhor conhecimento das suas responsabilidades enquanto trabalhadores/colaboradores, a hierarquização estrutural das empresas e organizações e os tipos de relacionamentos existentes nas estruturas, nas chefias e nos subordinados.
Tudo isto é cada vez mais importante, sobretudo para os jovens, uma vez que lhes vai permitir um melhor conhecimento do que é, ou deverá ser, o trabalho em equipa, o cumprir horários, o lidar com a pressão e com a concorrência. Cabe aqui ainda referir que, através destas experiências de trabalho, os jovens tendem a ficar com uma melhor perceção, na prática, do que será a realidade profissional do posto e trabalho que imaginam poder vir a desempenhar e com que sonham.
Hoje em dia, para os jovens, o primeiro desafio que se lhes coloca é procurar estar bem preparado e saber demonstrar o seu talento e as suas qualidades e competências. Por isso o fator experiência tornou-se crítico face à cada vez maior concorrência no mercado de trabalho.
Muitas vezes, os jovens chegam a recusar excelentes oportunidades apenas porque a remuneração não é atrativa.
No entanto, no atual quadro do mercado laboral a experiência dos primeiros seis meses, ou um ano, pode valer mais do que muito do dinheiro que se deixou de ganhar.
Começar a trabalhar, mesmo quando as condições não são como se esperava e desejava, pode possibilitar a abertura de portas para novas oportunidades de trabalho.
Portanto, o mais importante é conseguir colocar o pé na porta de entrada e aproveitar a ocasião para mostrar o talento que se tem e, depois disso, tentar negociar as condições de trabalho, procurando provar que, contrariamente ao que muitos pensam, os jovens não são um risco, mas um investimento.
A finalizar este apontamento e reflexão, queremos deixar uma mensagem de esperança aos nossos jovens. Atualmente a internet está presente no nosso dia-a-dia e nas relações de trabalho, isso significa que os contactos e relacionamentos, de qualquer um de nós, podem ser feitos quando já nos encontramos no ambiente laboral. Este ambiente permite-nos conhecer muitas pessoas, inclusivamente da concorrência, que poderão ser muito importantes na abertura de novas portas e, quem sabe, de novas opções de funções e de novas oportunidades de crescimento e de carreira profissional.
Vasco Lopes da Gama

Reflexão em Tempo de Férias (II) - A mesa do velho avô

Um frágil e velho homem foi viver com seu filho, nora e neto de quatro anos. As mãos do velho homem tremiam, sua vista era embaralhada e seu passo hesitante. A família comeu junto à mesa, mas, as mãos trémulas do avô ancião e sua visão falhando tornou difícil o ato de comer. Ervilhas rolavam da colher dele para o chão. Quando ele pegava o seu copo, o leite derramava na toalha. A bagunça irritou fortemente seu filho e nora.

— Nós temos que fazer algo a respeito do vovô, disse o filho. Já tivemos bastante leite derramado, muita comida no chão e sempre o ouvimos comer ruidosamente.

Assim, o marido e a esposa prepararam uma pequena mesa num canto da sala. Lá, o ancião comia sozinho, enquanto o resto da família desfrutava o jantar. Desde que o avô tinha quebrado uns pratos, a comida dele ficou sendo servida numa tigela de madeira. Quando a família olhava de relance na direção do vovô, às vezes percebia lágrimas em seus olhos por estar só. Ainda assim, as únicas palavras que o casal tinha para ele eram advertências quando ele derrubava um garfo ou derramava comida. O neto assistia tudo em silêncio.

Uma noite, antes da ceia, o pai notou que seu filho estava brincando no chão com sucatas de madeira. Ele perguntou docemente para a criança:

— O que você está fazendo?

Da mesma forma dócil o menino respondeu:

— Estou fazendo uma pequena tigela para você e mamãe comerem sua comida quando eu crescer, e continuou a trabalhar.

As palavras do menino golpearam os pais, que ficaram mudos. Então, lágrimas começaram a fluir em suas faces. Entretanto, nenhuma palavra foi dita e ambos souberam o que deveria ser feito.

Naquela noite, o marido pegou a mão do vovô e, com suavidade, conduziu-o à mesa familiar. Pelo resto dos seus dias de vida, o vovô comeu sempre com a família. E por alguma razão, nem o marido nem a esposa pareciam se preocupar mais quando um garfo era derrubado, ou leite derramado, ou que a toalha da mesa tinha ficado suja.

As crianças são notavelmente perceptivas. Os olhos delas sempre observam, suas orelhas sempre escutam, e suas mentes sempre processam mensagens que elas absorvem. Se elas nos vêem pacientemente providenciar uma atmosfera feliz em nossa casa, para nossos familiares, elas imitarão aquela atitude pelo resto de suas vidas. E os pais sábios percebem isso diariamente, que o alicerce está sendo construído para o futuro da criança.

(Texto retirado da Internet - autor desconhecido)

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Reflexão em Tempo de Férias (I) - Preparar para a Vida!

Grande parte dos pais procura superproteger os filhos mas, ainda que inconscientemente, com essa atitude estão de certa forma a impedir que os filhos, por si mesmos, encontrem os meios necessários para manterem o seu próprio desenvolvimento.

Por quase todos nós, pais, há um momento nas nossas vidas que nos marca e que não raras vezes recordamos como que com um nó na garganta. Trata-se do momento em que nós, enquanto pais, às vezes já com uma idade avançada, achando que já ensinámos praticamente tudo sobre a vida, dizemos aos nossos filhos, que se preparem para partir em busca da sua própria vida e do seu futuro: “vão e não olhem para trás, sigam em busca do vosso caminho e dos vossos ideais”. É um momento difícil para nós enquanto pais e, talvez também, para eles, enquanto filhos.

Muitos de nós, enquanto pais, não tínhamos a audácia de estimular os nossos filhos a saírem do pé de nós.

Mas, hoje em dia, tem-se a impressão de que as coisas já estão a mudar. Parece que atualmente os pais procuram respeitar a vontade dos filhos e a forma como eles pretendem fazer as suas vidas.

Mas será mesmo isto o que se passa? Não estou assim tão certo.

É evidente que há grandes avanços. Os jovens de hoje são mais livres para escolher as profissões que acham mais adequadas ao seu perfil e vocação; são mais livres de escolherem os seus namoros e para se casarem, ou não. Poucos são os pais que, hoje em dia, têm a coragem de interferir frontalmente sobre o destino dos seus filhos. Isso, é claro, desde que eles se comportem dentro dos limites e dos padrões de conduta mais usuais.

Quantos filhos que decidem ser atores, bailarinos, músicos, etc., não esbarram com críticas e muitos problemas e obstáculos familiares? O mesmo se passa com os homossexuais que, na grande maioria das vezes, ocultam as suas práticas das famílias.

Na época atual, muitas das nossas crianças e jovens, são demasiadamente apaparicados e mimados pelos pais e acabam por não desenvolver os meios necessários para se manterem “sobre as próprias pernas”. É evidente que, desta forma, jamais estarão em condições de partir para longe dos pais. Foram carregados ao colo o tempo todo, ficando como que “sem pernas para caminhar sozinhos”, não podendo andar pelos seus próprios meios.

Muitos dos pais que assim procedem, fazem-no porque, na realidade, querem os filhos perto de si, exatamente como se fazia no passado. O terem os filhos por perto de si dá-lhes sabor e sentido às suas próprias vidas. Esquecem-se que, desta forma, os seus filhos ficam “sem asas e incapazes de voar”, por sua própria conta.

Hoje, aos pais, é importante que preparem os filhos para que eles saibam “voar sozinhos”.

Hoje, aos filhos, é permitido e desejável que partam, que tenham “asas para voar” em busca do seu próprio caminho e do seu futuro.
Vasco Lopes da Gama