domingo, 31 de outubro de 2010

Recordações duma viagem ao Alentejo (I)

Lá diz o ditado popular "recordar é viver" e, hoje, veio ao meu pensamento a recordação duma viagem que fiz ao Alentejo, em novembro de 2008.

Da calma paisagem das vastas lezírias do Ribatejo aos extensos terrenos áridos e dourados do Alentejo, a paisagem calma não é mais que uma cortina que esconde um património inimaginável.

O turista é apanhado de surpresa pelos remarcáveis traços de sucessivas culturas: dolmens e cromlens, vestígios árabes e romanos misturados com os mais recentes sinais do cristianismo, do qual os castelos medievais são claro exemplo.

O litoral da região, situado ao longo das margens do rio Tejo e dominado por Santarém, consiste em terrenos verdes e férteis, onde pastam, pacificamente, os melhores touros e cavalos. Mais para o interior estão situadas as lindas aldeias e cidades que compõem a famosa Rota dos Castelos: Nisa, Castelo de Vide, Marvão, Portalegre e Alter do Chão.

Mais para sul, os terrenos tornam-se mais secos e planos; em redor de Évora (uma das cidades mais bonitas de Portugal) estão situadas as vilas de Monsaraz, Vila Viçosa, Estremoz e Arraiolos (conhecida pelos seus tapetes feitos à mão baseados em desenhos dos séculos XVII e XVIII).

Quanto mais para sul, menos povoadas se tornam as planícies, as únicas sombras são proporcionadas pelas oliveiras e pelos carvalhos e os únicos locais frescos são as represas e barragens. Uma viagem ao Alvito, a Beja, a Serpa e a Mértola valerá sempre a pena. A costa alentejana oferece ao turista magníficas praias atlânticas. Sendo uma região com a maior amplitude térmica (desce aos 5º C ou sobe aos 33ºC), as zonas povoadas das Planícies estão muito dispersas e com vastos horizontes entre elas, onde a vida segue ao ritmo das canções regionais.

Serpa e Monsaraz foram dois dos locais que visitei com mais tempo:

Serpa - É uma localidade onde se respira a alma do baixo alentejo. Longe dos grandes centros urbanos, Serpa mantém viva uma genuínidade há muito perdida noutras paragens. Sempre presente está a boa gastronomia e o muito artesanato.
A visitar: Igreja Matriz, igrejas do Salvador e de Santa Maria. Igreja da Misericórdia.
Nos arredores: Serpa está rodeada de pequenas ermidas.

Monsaraz - Tal como em Serpa, a genuína alma alentejana está aqui bem patente. Debruçada sobre a vasta planície, a vila parece planar, perdida no tempo, enclausurada nas muralhas do castelo que a rodeia na totalidade. Um dos locais com mais carisma do nosso país.
A visitar: Porta do Buraco, Igreja Matriz, Museu da localidade.
Nos arredores: Na aldeia vizinha de Reguengos, existe um núcleo megalítico com mais de 100 dolmens e cromlens.

Mas uma viagem é muito mais do que um destino pelo que, numa viagem ao Alentejo, é indispensável saborear a sua gastronomia.

Nesta região, a comida é muito variada e saborosa. Pode escolher-se entre as enguias guisadas, a sopa de sável ou a lampreia do Tejo, os chouriços de Castelo de Vide, de Nisa, de Arronches ou de Arraiolos, ou o cabrito guisado, a lebre com feijões vermelhos e o coelho frito em azeite do Alentejo. E os deliciosos pães da região, que se podem comer com os queijos de ovelha de Serpa, de Nisa e de Évora ou com o queijo de cabra do Alandroal. Nesta região encontramos também, uma pastelaria muito variada, como os bolos "imperiais" de Almeirim, os de Évora confeccionados à base de ovos e de massa de amêndoa e os doces dos conventos de Portalegre e de Beja. Não esquecer a fruta: os melões de Almeirim e de Alpiarça são muito famosos. Prove também os vinhos de Almeirim, de Borba, de Reguengos e da Vidigueira.

Gosto de guardar quase tudo das minhas viagens, para mais tarde rever e recordar. Desta minha viagem por terras alentejanas e, em jeito de recordação, deixo-vos algumas imagens de Montemor-o-Novo, Beja, Serpa, Monsaraz e Alqueva.

Vasco Lopes da Gama

















quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Uma luz ao fundo do túnel

Ainda há poucos dias assistimos pela televisão ao salvamento dos mineiros chilenos da mina de San José.

As imagens da saída dos mineiros, especialmente as dos dois primeiros, foram momentos impressionantes e de grande emoção. Não sei que mais destacar, se a expectativa e a alegria da família dos mineiros, se o empunhar da bandeira do Chile e os gritos de "Viva ao Chile".

Perante estas imagens, dei comigo a pensar com os meus botões – e nós, portugueses, que é feito dos símbolos nacionais do nosso país?

Que me lembre, nos últimos tempos, só empunhámos a bandeira nacional por ocasião dos jogos da nossa selecção nacional de futebol.

Onde está o orgulho de ser português? Não é verdade que Portugal tem uma história verdadeiramente notável? Será que já nos esquecemos da época dos descobrimentos e do que eles significaram para Portugal e para a História Universal? E nos currículos escolares onde está a História de Portugal? Será que temos vergonha de transmitir e dar a conhecer aos nossos jovens os factos e momentos marcantes da história deste país à beira-mar plantado?  

Mas, depois das imagens do salvamento dos mineiros chilenos, os tempos de antena passaram a ser ocupados com a crise e com o orçamento de estado para 2011.

O nosso país vem atravessando um conjunto de crises que nos levam para uma das piores situações económicas de que há memória.

Portugal é uma pequena economia que se debate não só com os efeitos da crise internacional, mas também com uma crise de confiança interna potenciada pelo descalabro das finanças públicas. É por demais evidente a falta de confiança nos nossos políticos, na Justiça, na Saúde e nas Finanças.

Daí que não será de estranhar que os portugueses se vão interrogando sobre algumas questões bem reais para a sua vida e para a dos seus filhos, nomeadamente:

-A cidadania, a solidariedade e o emprego, onde estão? E as tão  propaladas excelências de actuação do Governo, onde estão? Que perspectivas de futuro podemos ter?

-E o défice e a nossa dívida pública? Quando se vai inverter a situação do nosso endividamento? Até quando vamos ter crédito? Será que as medidas de combate à crise são as verdadeiramente adequadas ao momento presente ou, pelo contrário, os nossos governantes se mostram incapazes de implementar as efectivas e reais medidas para fazer cumprir as metas do défice e combater a sério a crise económica?

Nos últimos anos temos vindo a assistir a uma decadência da economia portuguesa, quando tivemos condições para poder exponenciar o nosso crescimento, consolidando ao mesmo tempo o desenvolvimento económico e social. Foi perdida uma oportunidade na nossa história só comparável à da era dos descobrimentos, onde o ouro nos chegava nas naus proveniente do Brasil e das outras colónias. Esta real oportunidade dos nossos dias chama-se Bruxelas e União Europeia, donde tem jorrado dinheiro a peso de ouro.  

Tivemos oportunidades digamos que únicas para formar recursos humanos, modernizar o país, criar infra-estruturas, fazer reformas estruturais e fazer de Portugal um país competitivo e desenvolvido.

Portugal parece andar como que à deriva sem perspectivas de soluções efectivas.

A nossa democracia precisa urgentemente de saber escolher os melhores e os mais devotados à causa pública e não aqueles que nos são servidos numa bandeja prontos para eleições. Será através da pedagogia do exemplo de bons dirigentes que poderemos aspirar a iniciar um processo da construção de um Portugal novo onde dê gosto viver. Tal como refere Henrique Neto, para salvar a economia portuguesa, as empresas precisam de uma estratégia nacional clara e coerente, de um Estado decente e sério e duma profunda reforma ao nível da exigência educativa.

Agora encontramo-nos todos presos e expectantes quanto ao debate na Assembleia da República à volta do orçamento de estado para 2011, na esperança de que governo e oposição propiciem uma negociação séria, tendente a encontrar propostas de melhoria daquele documento e geradoras dos consensos necessários para a sua aprovação.

Se à volta do orçamento de 2011 não houver um consenso para a sua aprovação, creio que, quando conseguirmos, dificilmente, ver a luz ao fundo do túnel, ela terá assim uma cor... vermelha!

Vasco Lopes da Gama

domingo, 10 de outubro de 2010

Orçamento Familiar

A grande maioria de nós acha que sabe todas as suas contas de cabeça, puro engano. Sempre achamos que as temos de memória, mas não, muitas vezes enganamo-nos. Não nos queremos sentar, uma hora que seja, para que, de frente com a nossa realidade, podermos elaborar o nosso orçamento.

Um orçamento, em contabilidade e finanças, é a expressão das receitas e despesas relativamente a um período de execução determinado, geralmente anual, mas que também pode ser mensal, trimestral, plurianual, etc.

Para muitas pessoas o orçamento familiar é apenas anotar o que se tem para pagar no próximo mês.

O orçamento ajuda-nos a entender quais são os nossos hábitos de consumo. Definir quais são as nossas necessidades e planear todos os nossos gastos, considerando sempre o rendimento disponível, podendo ser até uma forma de começar a economizar.

A elaboração do orçamento familiar não é uma tarefa fácil, porém, é necessária para quem tem planos para o seu futuro e o da sua família.

O primeiro grande erro das famílias portuguesas, na hora de gerir o seu orçamento, é não organizar um.

Estabelecer objetivos comuns e conversar francamente sobre as finanças com a família é o caminho para que cada membro do agregado familiar se sinta comprometido com ele, contribuindo com a sua parte, ao mesmo tempo que será uma forma de garantir a estabilidade das finanças no presente, visando prevenir o futuro.

Para uma boa gestão das finanças da família também é essencial identificar as despesas desnecessárias e reduzi-las, ou mesmo eliminá-las. "De que preciso realmente? Onde posso cortar?" são perguntas que devem ser colocadas.

O primeiro passo do orçamento é identificar para onde está a ir o nosso dinheiro.

Comecemos por listar todas as nossas despesas fixas, tais como: luz, gás, água, telefone, aluguer/prestação do empréstimo da compra da casa, condomínio, transportes, prestação do automóvel, seguros, educação, alimentação, etc. 

Em seguida devemos acrescentar à lista as eventuais despesas com remédios, consertos em geral, cabeleireiro/barbeiro/instituto de beleza, oficina automóvel, lazer e férias para a família, etc. Para estas despesas, devemos reservar uma parte de nosso vencimento pois, esses gastos, muitas vezes até inesperados, não são raros.

Por vezes, pequenas despesas que parecem insignificantes no final do mês, ou mesmo no fim do ano, podem representar uma quantia considerável do orçamento.

Para garantir tranquilidade durante todo o ano, o ideal é fazer um controle rígido do orçamento familiar. Com os gastos controlados, fica mais fácil poupar dinheiro. Somadas pequenas economias, podem transformar-se num valor considerável de dinheiro, no fim do ano. Além disso, é preciso pensar várias vezes antes de decidirmos comprar. O desejo de compra dum determinado bem, pode tratar-se de uma vontade passageira, chegando-se depois à conclusão que o seu gasto poderia ter sido evitado. Quando a compra for inevitável, a palavra é regatear o preço - o que se torna mais fácil quando o pagamento é feito a pronto. Se tivermos de recorrer ao pagamento em prestações, devemos comparar cuidadosamente as taxas de juro cobradas.

Um bom conselho é não relacionar as compras somente ao dinheiro e disponibilidades financeiras daquele mês. É sempre preciso ter em mente que poderão surgir gastos extras nos meses seguintes e, portanto, devemos ter sempre uma reserva disponível.

Na verdade, a elaboração do orçamento é única forma de controlar as nossas despesas e saber exactamente para onde está a ir o nosso dinheiro.

Após elaboração deste exercício poderemos constatar por quanto tempo as despesas terão de ser orçamentadas e podermos perspectivar, caso estejamos endividados, quando poderemos dar início a um novo ciclo na nossa vida.

Mas hoje em dia poupar é coisa rara, impossível, ou pelo menos não tanto quanto gostaríamos!!!
Vasco Lopes da Gama

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Acabaram-se as férias e como elas foram curtas!

Os dias passados na praia ou no campo, a visitar museus ou a conhecer uma nova região deixam sempre saudades e uma enorme vontade de ter mais alguns dias de férias.

Após longos dias de inércia, muito sol, descanso e ar puro, eis que nos preparamos para voltar à rotina diária e o regresso ao trabalho é inevitável, por isso, o melhor que temos a fazer é consciencializarmo-nos que após umas saborosas férias chega sempre a realidade do trabalho e a vida quotidiana.

Para muitos a situação pode tornar-se deprimente, para outros, o regresso ao trabalho, pode significar uma maior dedicação, já com as ''baterias carregadas'', para projectos futuros.

Quando estamos de férias há um ambiente de menor exigência das pessoas à nossa volta, menos rigidez de horários e mais tranquilidade.


O mês de Outubro já chegou e é mesmo oficial: as férias de Verão chegaram ao fim.

A passagem para um ambiente com horários e metas a cumprir é, para algumas pessoas, causa de irritabilidade sendo o primeiro dia aquele que custa mais.

Insónias, distúrbios alimentares, apatia, irritabilidade, nervosismo, agressividade, cansaço e fadiga extrema, são apenas alguns dos sintomas com que se poderá ter de lidar no regresso de férias. É a angústia do regresso a que a ciência apelidou de síndrome pós-férias, que se pode ultrapassar depois de alguns dias, recuperando o ritmo do trabalho.

Se a postura de regresso ao trabalho não for positiva, nada correrá como se deseja. O humor alterado e a vontade constante de querer estar de novo em férias, podem influenciar o nosso trabalho. Devemos consciencializar-nos que tudo tem o seu tempo e agora é tempo de regressar ao trabalho.

A vida profissional não pede licença e impõe muitas vezes uma tensão emocional que rouba tempo e disponibilidade para aprofundar o lado afectivo durante a maior parte do ano.

A instabilidade do mercado e a necessidade dos executivos cumprirem indicadores, são as principais causas que levam muitas pessoas a prescindir dos períodos de férias. No entanto, os especialistas afirmam que o descanso e uns dias longe do trabalho são benéficos e fundamentais para manter uma postura equilibrada ao longo do ano, contribuindo para o aumento da motivação e, consequentemente, da produtividade.

Saber gerir o tempo livre é fundamental para o bem-estar físico e psíquico. Isto porque as férias não são um luxo, mas uma necessidade do organismo.

A cultura das sensações tem roubado o nosso tempo e a nossa capacidade de repousar e relaxar e, não raras vezes, nos sentimos como se voltássemos ao trabalho ainda mais cansados do que antes de partirmos.

Hoje em dia é fundamental saber aproveitar o nosso tempo de lazer, abrandar o ritmo e enfrentar com sucesso o regresso à rotina pós-férias.

É comum dizer-se que trabalhar faz bem, fundamentando-se este argumento na ideia de que o remédio definitivo para nos ajudar a ultrapassar tristezas temporárias - é o trabalho.

O regresso das férias de Verão deverá ser sempre encarado como se fosse um novo ano, muito mais que a passagem do ano, que é de um dia para o outro. As férias de Verão devem proporcionar-nos uma paragem para pensar e reformular os nossos desejos para os tempos que se avizinham.

E como os dias vão começando a ficar mais frescos e mais pequenos, já nos apetece trocar a cerveja na esplanada por um café ou um chá quentinho.

Vamos lá animar porque o Outono também tem coisas boas!

Vasco Lopes da Gama