sexta-feira, 18 de maio de 2012

O OUTONO DA VIDA − Louvor à Maturidade

Adeus à Juventude. Sem dúvida a juventude é uma idade de ouro e sempre lembrada com nostalgia. É um breve momento inesquecível, romântico, vibrante, emocionante e feliz.

É uma fase feliz, vigorosa e criativa onde tudo é novo e fresco, como uma densa nuvem no céu com nuances de rosa.

Mas, devemos reconhecer que essa mesma juventude tão louvada, cantada e tocante, é também um momento repleto de lutas, preocupações, nuvens escuras, muitas vezes de privações e nunca livre de incertezas, ciúmes, turbulências, competições, medos, ansiedades e rivalidades.

É como uma corrida na qual é preciso ter concorrentes o tempo todo e vencê-los para se conseguir um troféu cobiçado.

Felizmente, tanto na natureza como nos seres humanos, depois da tempestade vem a bonança. E talvez o melhor da Juventude... é que ela já passou!

A verdade é que sem saber quando, ou mesmo sem poder definir uma idade específica (para alguns mais cedo, para outros mais tarde), nalgum ponto impreciso da vida, chega-se a esse lapso de tempo em que tudo fica mais lento e começa a diminuir a sua marcha, pousando suavemente, sem pressa, dentro de nós mesmos.

É como uma folha que se deixa levar pela corrente. Esta etapa, queridos amigos, é a MATURIDADE. Que seja BEM VINDA!

O rio caudaloso transforma-se num fluxo de paz e move-se lentamente. Quase sem darmos por isso transforma-se numa grandeza infinita, profunda e imensurável, que é o final de todas as viagens e para onde vão parar todos os rios: o mar.

Vejamos: a maturidade não é exatamente o meio do dia, nem a tarde, nem a noite. Antes, eu diria que é o tempo impreciso que chega misterioso nas primeiras horas do dia, após momentos de nevoeiros voláteis que se dissolvem lentamente quando tocados pela luz do sol surgindo. Assim chega... a MADRUGADA.

É algo extraordinário. Agora, não estamos mais preocupados com as tendências ou mudanças que experimentam as novas gerações. Eles estão passando noites debatendo-se para fazerem inovações naquilo que inovámos para eles.

Essas novas tendências e costumes já não nos afetam, porque nós não somos obrigados a usar, a mudar, nem dar início a novos costumes. Nós, bem ou mal, não importa como, estamos na direção da reta final.

Então temos tudo para comemorar. A nossa época já é uma justificação suficiente para nos manter como estamos, já fizemos as nossas mudanças, mas não estamos alheios ao básico e ao essencial. Nós chegámos!

Ao chegar à maturidade cessam as dúvidas e as incertezas constantes. Se não quisermos, já não precisamos de trabalhar, ou de ficarmos a estudar até tarde, já não precisamos de correr atrás do autocarro na parte da manhã, apresentarmos trabalhos sufocantes de última hora, entrarmos na universidade, imaginarmos com quem nos casarmos, onde levarmos a noiva, ou nos preocuparmos em como conseguir um emprego.

Definitivamente, o que tínhamos de ser, já somos. E o que não havíamos de ser, não o fomos... e nem mais o seremos. Disso não temos nenhuma dúvida. Então para que nos preocuparmos?

A idade dos impulsos arrebatadores já terminou.

Acabaram-se as preocupações, ansiedades e dúvidas. Isto é muito bom! Se esta é a MATURIDADE… que seja bem vinda!

Para nós que “cruzamos a fronteira” e estamos, do outro lado, colocado neste terraço amplo, silencioso e arejado, não existem correrias, nervosismo, competições, pressas, lutas ou duelos até a morte. Nosso lugar está no palco, não no ringue. Ou pelo menos, atrás das barreiras.

HOJE é aquele futuro do qual estávamos tão temerosos ONTEM. E veja-se, tudo correu bemAfinal de contas... Aqui estamos nós!

Já não temos que continuar adiando as coisas, ou a fazermos planos inalcançáveis para o futuro..., porque para nós, está bem claro... O Futuro já está Aqui.

A conclusão é que, como já estamos na maturidade já não fazemos planos a longo prazo (nem devemos). É necessário que, agora, comecemos , a ver os resultados de tudo aquilo para o qual antes costumávamos trabalhar, planear, economizar e preparar ao longo de toda uma vida.

O Tempo não espera!

De maneira que nós, também, não esperemos mais. Se ainda dispomos de uma razoável saúde e ainda conseguimos andar normalmente; se ainda  podemos comer de quase tudo e ainda podemos desfrutar de alguns atrativos da vida, aproveitemos. Abramos os armários com porcelanas, pratarias e cristais que se tornaram lembranças e usemo-los até se quebrarem (já que se podem quebrar fácil e rapidamente) , não esperemos que os vinhos envelheçam por mais um século. Para quando estão guardados? Se um ladrão não os levar, os nossos netos os acharão e acabarão por quebrá-los!

Que não tenhamos que dizer depois: “Tarde demais para recomeçar!”

Não fiquemos à espera duma manhã brilhante e gloriosa, singular e perfeita. Se pensámos algum dia ter um barco, uma moto, uma câmara digital, um notebook ou um tablet (se gostamos destas coisas e temos dinheiro para adquirí-las) podemos comprar isso agora!

A hora é agora. Não percamos mais tempo!

E se estivermos a fazer planos para um dia fazer uma viagem pela Europa, ou às Cataratas do Iguaçu, ao Hawaii, ao Alasca, à China, ou mesmo à Patagónia, muito bem: antes que outra coisa aconteça, como uma super desvalorização da moeda, uma cirurgia repentina, um AVC ou um enfarte... VÁ JÁ! Está à espera de quê?

Eu, pessoalmente pelo que sinto, descobrir a chegada da maturidade tem-me fascinado e enche-me de alegria. Estou muito impressionado. Eu nunca imaginei que fosse assim!

Com inusitado espanto descubro dia a dia novas surpresas e satisfações, as quais nunca sonhei que existissem.

Por isso − “Vida: nada me deves; Vida: nada lhe devo; Vida: estamos em paz.”

(Versão Adaptada do Texto de Francisco Arámburo Salas)

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