quarta-feira, 20 de novembro de 2013

SER IDOSO HOJE, SER IDOSO ONTEM

A Organização Mundial da Saúde (OMS) chama a atenção para o aumento do número de pessoas com mais de 60 anos. Em 2050 haverá 2 mil milhões de idosos no mundo, anuncia a "OMS".

A população mundial está a envelhecer rapidamente. Em poucos anos, já haverá no mundo mais pessoas acima dos 60 anos do que crianças menores de cinco.

Muitas pessoas ainda acreditam que isso só diga respeito aos países ricos e que seja uma preocupação restrita à Europa e ao Japão. Mas isso não é verdade.

Em 2050, haverá 2 mil milhões de pessoas idosas no mundo, e 80% delas viverão em países que atualmente classificamos como emergentes ou em desenvolvimento.

Na verdade, a notícia pode ser considerada boa, pois significa que a expectativa de vida e o bem-estar da população estão a aumentar em termos globais. Entretanto, a idade avançada é, duma maneira geral, vista como um efeito colateral do desenvolvimento sócio-económico.

No passado, sempre se falava no prolongamento da vida por alguns anos. Isso é verdade, e os países estão a conseguir enormes progressos nesse sentido.

Porém, envelhecer não basta, é preciso dar um passo em frente. É preciso preencher os anos adicionais com qualidade de vida. As pessoas de todo o mundo têm o direito de envelhecer com boa saúde.

Em todo o mundo, os idosos morrem hoje das mesmas doenças. As causas de morte e invalidez mais comuns são doenças não infecciosas. O que mais nos preocupa hoje são as doenças cardiovasculares, os acidentes vasculares, a demência e as infecções respiratórias. O tratamento de tais problemas de saúde é geralmente simples e barato.

Muitas das doenças podem ser evitadas por um estilo de vida saudável. Nos países em desenvolvimento morrem quatro vezes mais pessoas das chamadas "doenças do estilo de vida" do que nos países ricos. A razão é a falta de cuidados médicos básicos.

O envelhecimento populacional é um fenómeno novo na humanidade. Devido ao declínio da mortalidade, vacinações sistemáticas, saneamento básico e, principalmente, aos avanços da medicina as pessoas vivem cada vez mais anos. 

Através de todo o mundo, hoje, os velhos são a parcela da população que mais cresce. Por exemplo, no Brasil, em 2050, um em cada quatro brasileiros será idoso.

Hoje é cada vez maior o número de pessoas com 80, 90, 100 anos. E já se fala até de uma "Quarta Idade"!

Com o crescente envelhecimento da população, é preciso repensar o conceito de saúde. Para muitas pessoas, saúde é não estar doente, porém a Organização Mundial de Saúde (OMS) define-a de uma forma mais ampla: "saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas ausência de doença". Pensando em mobilizar toda a sociedade para promoção da saúde, a OMS produziu o documento "Envelhecimento Saudável", onde aborda medidas para promover um envelhecimento ativo e saudável buscando uma melhor qualidade de vida na terceira idade.

Mas o que é um idoso saudável? É uma pessoa que não possui doença? Não. É aquele que consegue manter a sua autonomia (capacidade de gerir a própria vida e de tomar decisões) e sua independência (capacidade de realizar atividades sem ajuda).

O equilíbrio entre saúde física e mental, independência nas atividades de vida diária e nas atividades instrumentais, integração social e o suporte familiar relacionam-se com o bem-estar na terceira idade.

O envelhecimento ativo e saudável busca oferecer qualidade de vida através da alimentação adequada e balanceada, prática regular de exercício físico, convivência social, busca de atividades que dêem prazer, que diminuam o stress, que reduzam os efeitos decorrentes do consumo de álcool e tabaco, assim como da automedicação.

A população ainda possui uma antiga visão sobre os idosos que precisa ser modificada. O idoso dos dias de hoje já não é uma pessoa frágil, incapaz e dependente. Ele é cada vez mais participativo na vida social, merecendo todas as oportunidades de viver bem e com saúde. Manter o idoso ativo e saudável é um grande desafio que depende do próprio, das diretivas políticas e governamentais e de toda a sociedade. 

É neste contexto que se deve equacionar a questão “o idoso de ontem e o idoso de hoje”.

Envelhecer é ficar mais velho, ser mais experiente, amadurecer.

Duma maneira geral a um idoso compete ser experiente perante a sociedade, ser o mais velho muitas vezes, é também ser amadurecido. Porém o amadurecer do idoso nos dias de hoje pode ser muito diferente  daquele amadurecer de antigamente, mais ainda quando se analisa as diferenças no âmbito da atividade física.

Para compreender a diferença entre a vida do idoso ontem e hoje é necessário entender que os idosos de hoje estão em maior evidência que os idosos de ontem. Nos dias de hoje, os idosos são fruto de pesquisas, elaboração de produtos especiais só para eles, criação de programas especiais em todas as formas de marketing comercial e cada vez mais na medicina se buscam formas de encontrar - a fórmula da longevidade. 

A saída das zonas rurais para os grandes centros trouxe grande diferença entre os novos idosos e os velhos idosos. Os idosos de antigamente tinham uma vida no campo regrada por um contexto de trabalho árduo, um convívio mais próximo das atividades com a terra, longas caminhadas, desportos que não lhes ofereciam muita segurança quanto a lesões, nadar em rios, pescar, entre outras atividades. Isto leva-nos a pensar que tais atividades são boas, naturais e que proporcionam uma vida saudável!

Mas em relação à população de antigamente, vemos que esta não teve uma vida tão longa como encontramos nos dias de hoje e a qualidade de vida não era tão plena como a que há atualmente.

Os idosos hoje vivem mais, isso é um facto. Os avanços tecnológicos e médicos, o aumento dos profissionais de saúde e das atividades comerciais de saúde viradas para a terceira idade são alguns fatores que colaboram para o aumento da longevidade dos idosos.

Os avanços médicos são importantes, pois quanto mais a medicina avança, melhores serão os tratamentos para evitar as doenças e assim amenizar os efeitos do envelhecimento.

Os idosos de antigamente tiveram a sua época e vivências comuns ao seu tempo. As suas práticas físicas eram mais naturais, porém os meios que estes utilizavam, muitas vezes, comprometiam o seu corpo e a longevidade passava distante da que temos hoje. Assim, é espectável que a evolução continue e, por meio de práticas saudáveis, possamos vir a ter pessoas com maior longevidade e, possivelmente, chegarem até aos 150 anos.

Hoje aprendemos que a palavra “idoso” não é sinónimo de luto, de tristeza, de solidão e de limitações físicas.

O idoso hoje em dia deve procurar ter um "envelhecimento ativo". Uma forma, entre outras, do idoso se poder manter ativo é optar por procurar envolver-se num compromisso de co-responsabilização social desenvolvendo atividades, por exemplo, na área do voluntariado, procurando contribuir para a felicidade dos outros, ou de alguém. Todos nós devemos ser capazes de contribuir para o bem da humanidade e, desta forma, mudar o mundo.

Uma outra hipótese que se oferece aos idosos aposentados interessados é ​​a oportunidade de poderem transmitir as suas experiências profissionais e conhecimentos para outros, tanto no nosso país como no estrangeiro, trabalhando de forma voluntária como ”Especialista Sénior”, ajudando a formar  os trabalhadores especializados e o pessoal de gestão. Duma maneira geral, o desenvolvimento da atividade destes “Especialistas Seniores”, deverá ser, principalmente, direcionada para apoiar pequenas e médias empresas, instituições públicas, autarquias, estabelecimentos de ensino e organizações.

Por tudo o que foi dito estamos perante uma geração de pessoas que, por incrível que pareça, jamais se deixarão envelhecer. Ainda hoje não deixam de se enamorar, abraçar, experimentar, dançar, cantar, transmitir conhecimentos e vivências. Ousam ficar bonitos. Não se entregam à saudade. Não dão fôlego à solidão. Uma suave energia se restaura, com a sua cumplicidade ao longo dos anos, fruto de uma convivência que faz mais digna a vida. O prazer de dividir. O fortalecimento nas dificuldades. A emoção dos momentos felizes. O respeito à individualidade. O abraço dos amigos. A admiração mútua.  A sagrada família. Os adoráveis filhos. A magia encantadora dos netos.

Quem de nós não guarda, como num relicário, todas estas coisas que tocam nossa vida?

Idosa é aquela pessoa que tem tido a felicidade de viver uma longa vida produtiva, de ter adquirido uma grande experiência - sendo uma porta entre o passado e o futuro e é no presente que os dois se encontram.

Enquanto o idoso tem os seus olhos postos no horizonte, de onde o sol desponta e a esperança se ilumina, o velho tem a sua miopia voltada para os tempos que passaram.

O idoso tem planos, o velho tem saudades.

O idoso leva uma vida ativa, plena de projetos e de esperança. Para ele o tempo passa rápido e a velhice nunca chega.

Em suma, o idoso e o velho são duas pessoas que até podem ter, no registo civil, a mesma idade cronológica, mas o que têm são idades diferentes no coração!
Vasco Lopes da Gama

2 comentários:

  1. Olá Vasco,
    Gostei muito deste artigo, é muito interessante.
    Como tu bem dizes a população mundial está a envelhecer rapidamente... em Portugal a taxa de natalidade está cada vez mais baixa.
    No que respeita o idoso acho que o mais importante é envelhecer com dignidade.
    Obrigada pela partilha
    Um abraço.
    Patricia

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  2. Olá Patrícia!
    Fico contente por teres gostado deste artigo. Obrigado pelo teu comentário.
    Um abraço,
    Vasco da Gama

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