RIGA – UMA CIDADE COSMOPOLITA
A Letónia
ficou independente da União Soviética, em 1991, e está a conseguir, aos poucos,
recuperar dos anos de opressão que viveu. Atualmente, a força económica do país
vem da exportação (de madeira, produtos agrícolas, farmacêuticos, tecidos,
navios), do trânsito do petróleo da Rússia para a Europa Ocidental e do
turismo. E assim, Riga vem tentando recuperar o título de "Paris do
Norte".
Riga é a
maior cidade dos Países Bálticos. O antigo centro comercial transformou-se numa
capital bonita, dinâmica, moderna, com uma boa vida noturna e muito movimento. Nas
horas de ponta é possível levar bem mais de uma hora para chegar do aeroporto
ao centro histórico (um trajeto de 10 quilómetros que pode ser percorrido em 15
minutos sem trânsito intenso). O centro histórico tudo pode ser percorrido a
pé. Mas, se der preguiça, a cidade conta com autocarros turísticos de dois
andares que circulam pelos principais pontos de interesse.
UMA
TRAJETÓRIA SOFRIDA
Tudo começou há mais de 800 anos com a chegada de monges, guerreiros germânicos e Cavaleiros Teutónicos (cruzada militar vinculada à igreja católica) num território que era ocupado por primitivas tribos bálticas. Eles fundaram Riga, em 1201 e passaram a usar a Letónia como posto comercial. A Rota dos Vikings, atravessava o rio Daugava para ligar o Ocidente com o Oriente. Mas, esse sossego não durou muito tempo. Logo, os guerreiros germânicos tomaram conta da Letónia e construíram castelos para marcar seu domínio, expulsaram e escravizaram os letões. Enquanto isso, o país era membro da Liga Hanseática (associação de mercadores) e prosperava com o surgimento de palacetes.
A dominação
alemã persistiu por três séculos até a extinção da Ordem dos Teutónicos. No
século XVI, o país fez parte do Reino da Polónia e Lituânia. Mas, o povo revoltou-se
e apoiou um movimento chamado de Reforma.
Houve muitos
conflitos. No final do século XVI os suecos e poloneses entraram em divergência
e novas lutas marcaram a história. Os suecos dominaram até 1710, quando
perderam Riga para o czar russo Pedro, o Grande. Por dois séculos, os russos se
mantiveram no comando da Letónia e adotaram seu idioma como oficial no país.
Novamente,
houve revolta da população. Durante a Primeira Guerra Mundial, o país foi
duramente castigado por ter sido o campo de batalha entre Rússia e Alemanha. Em
1918, depois de muitas lutas a independência da Letónia foi declarada. Nessa
época, o idioma letão voltou a ser falado e Riga passou a ser considerada a
capital dos Balcãs. Essa fase durou pouco e em 1940, os soviéticos invadiram
novamente a Letónia. O comunismo foi implantado à custa de grande repressão.
Muita gente foi presa, deportada, ou executada. A população tentou fugir em
massa do país enquanto os russos imigravam com força total.
Em 1991,
finalmente a Letónia conseguiu novamente sua independência. Desde então, o país
tem reforçado os seus vínculos com o Ocidente. Tornou-se membro da União
Europeia e da OTAN, em 2004. E, agora luta para se recompor e se livrar da
imagem soviética.
CONHECENDO A
CIDADE "VELHA"
A parte mais encantadora da cidade é o centro histórico. Caminhar pelas ruelas cheias de prédios Art Noveau, intercalados com o pouco que sobrou do período medieval, é de encher e regalar os olhos. Por muito tempo Riga foi uma cidade murada às margens do rio Daugava. Deve ter sido uma bela cidade medieval. No entanto, os muros foram retirados no século XIX e no seu lugar foram construídos parques e avenidas. A Torre de Pólvora foi a única que restou das 18 que faziam a defesa da cidade. E, hoje, ali funciona o Museu de Guerra Letão.
Perto da
antiga torre fica o Castelo de Riga que de original,
atualmente, só tem o nome. A cidade foi muito castigada com os conflitos
que sofreu. O castelo foi destruído e reconstruído várias vezes. Hoje, é a
residência do presidente do país e abriga dois museus: Museu de Arte
Estrangeira e Museu de História da Letónia.
Andando mais um pouco avista-se a cúpula da Catedral do Domo, que foi construída no início do século XIII. A catedral, que já foi a maior igreja da região báltica, agora é uma igreja bem simples. As guerras foram as responsáveis por tamanha destruição. Ela ainda abriga alguns túmulos de antigos mercadores da cidade e um púlpito de madeira do século XVII. Os vitrais são mais recentes - do século XIX - e, também é dessa época, o órgão alemão que já foi considerado o maior do mundo. Assim, a igreja acabou ficando com vários estilos arquitetónicos misturados e a maior parte do que resta foi feito do século XIX para cá, sem muito requinte.
Bastante interessante
é a Praça da Prefeitura. Cheia de contrastes. De um lado duas casas
chamam a atenção: a Casa dos Cabeças Pretas e a Casa
Schwab. Elas foram a sede de uma irmandade de mercadores estrangeiros
solteiros que terminou por ordem de Hitler. As duas casas foram danificadas nos
combates da II Guerra Mundial e reconstruídas recentemente, em 1999.
Em frente às
duas casas fica o prédio da Prefeitura (construído em 1334),
que juntamente com Castelo de Riga e a Catedral do Domo formam o centro do
poder da Letónia.
Ao lado da
Casa dos Cabeças Pretas uma caixa escura em betão, bem ao estilo russo, abriga
o Museu da Ocupação da Letónia. Em frente ao museu estão três
enormes figuras em pedra e que o seu objetivo é lembrar os fuzileiros da Letónia
que serviram no Exército Vermelho.
Outra praça
interessante é a Laukums. Cheia de restaurantes e cafés. Além
disso, reúne prédios bem interessantes ao seu redor. A Casa dos Gatos é
um edifício amarelo, em estilo Art Noveau, com estátuas de gatos pretos
no telhado. Reza a lenda que o proprietário do prédio não foi aceite na
congregação de mercadores da Grande Guilda (que fica na mesma praça) então
colocou as estátuas dos bichanos eriçados, como protesto.
A Pequena e
a Grande Guilda eram organizações que congregavam respetivamente artesãos germânicos e membros
do comércio local. As casas são muito imponentes e foram construídas no século XIX.
Uma bela
igreja é a Igreja de São Pedro. Originalmente foi construída em
1209 mas, como tudo na cidade, foi destruída e refeita várias vezes. A sua
torre, em madeira, ostenta um antigo relógio, tem 123 metros de altura e serve
como um dos pontos de referência da cidade.
Ainda no
centro histórico vale a pena observar os contrastes arquitetónicos. A cidade é
muito interessante. Muralhas medievais convivem pacificamente com esculturas
modernas e com prédios em estilo Art Noveau. É simplesmente encantador!
E, a quem se
interessa por fazer compras, também há um bom shopping no centro antigo de
Riga. É o Galerija Centers. Confesso que eu prefiro muito mais caminhar,
conhecer, olhar e comer.
PELOS
ARREDORES DO CENTRO HISTÓRICO
Saindo do centro histórico há muitas outras coisas interessantes na cidade. E tudo pode ser alcançado a pé. Para começar o Parque Bastejkalns que foi construído no lugar das antigas muralhas medievais da cidade. O parque é amplo e convidativo, apesar de servir como lembrança de que o caminho para a independência da Letónia foi bastante sangrento. É ali que fica a Ópera de Riga, o Monumento à Liberdade, a fábrica de chocolates letonianos "Laima" e de onde saem passeios de barco.
Ainda mais
afastado do centro vale a pena ir até à Catedral Ortodoxa. A igreja
russa foi construída em 1884 e conta com 5 belíssimos domos. Já serviu como
planetário e restaurante durante o período soviético. Ela fica no Parque
Esplanada - a cidade é muito arborizada e tem vários parques.
Por último,
realmente pode aproveitar-se o tempo para visitar o Mercado Central.
A construção é imponente e uma das maiores estruturas da Europa com 5 pavilhões
que vendem de tudo no lugar que já serviu como hangar do Zeppellin.
Apesar de
ter sido muito castigada pelas guerras, a Letónia encanta-nos. A mistura
arquitetónica da cidade de Riga e a sua história fazem a viagem/visita desta
cidade valer muito a pena, especialmente quando conjugada com os países
vizinhos: Estónia e Lituânia.
Vasco Lopes da Gama
Fonte: Dados extraídos da Internet ("Artigo de Claudia
Liechavicius")
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