Inserida
no plano de atividades do ano letivo 2014/2015, a viagem à Grécia da Associação
Sénior de Odivelas (ASO) / Universidade Sénior de Odivelas (USO), decorreu
entre os dias 24 e 29 de abril de 2015, tendo nela participado 33 associados da
ASO e alunos da USO. Para além de ter sido uma oportunidade para o nosso
enriquecimento cultural, contribuiu também para nos ter proporcionado momentos
dum franco e agradável convívio, entre todos os elementos do nosso grupo,
contribuindo assim para o estreitamento e fortalecimento dos laços de amizade e
companheirismo do círculo "ASO/USO".
Sempre
tive muita vontade de conhecer a Grécia, por ser um país histórico e que nos
oferece várias opções de cultura e lazer.
Por
isso, ao ser inserido no plano de atividades do ano letivo 2014/2015 da
"ASO/USO", uma viagem à Grécia, logo vi aqui a oportunidade de poder
realizar um antigo e desejado sonho.
Quando o
nosso grupo chegou a Atenas ainda me parecia que estava a sonhar! Três mil anos
de idade e de história! Já dentro da cidade, achei Atenas um espetáculo ao ar livre,
com todos os registos palpáveis do chamado berço da civilização ocidental e da
democracia, ali mesmo, à nossa frente e aos nossos pés.
A
primeira coisa que impressiona é, obviamente, a Acrópole. É mesmo assim, só
percebemos as coisas quando estamos junto delas. Tantos mapas, fotografias,
vídeos e nunca tinha tido noção da forma absolutamente dominante da Acrópole
sobre a cidade.
Atenas é
enorme, mas fica numa planície onde há montanhas à volta e um ou outro monte
pelo meio. A Acrópole é como que o coração de tudo, parece que a cidade se
organiza à volta dela e, ao que parece, são poucos os sítios da cidade de onde
ela não se veja. Mas não é só a natureza que torna a Acrópole tão dominadora, é
também o facto de os gregos não permitirem construção em altura que possa ser
mais alta que a Acrópole. Por isso, o que vemos é o monte que domina a cidade,
sem qualquer concorrente, a não ser outros montes.
A
Acrópole é o principal ponto turístico da cidade de Atenas. Passear pela
Acrópole é respirar história e transportar-nos para a época de ouro da Grécia Antiga.
Grande parte da
Acrópole está destruída e com maquinaria e equipamentos que fazem o seu restauro,
o que atrapalha um pouco as fotografias. Porém, o enorme encanto que este lugar
possui faz-nos esquecer quaisquer problemas…
Do complexo de
templos da Acrópole (cidade alta, em grego) sobraram apenas ruínas, mas mesmo
assim é tudo ainda tão grandioso, que é difícil não se ser arrebatado por esse
lugar onde o tempo é medido em milênios! O monumento mais impactante é sem
dúvida alguma o Parthenon – Casa da Virgem –, feito de mármore, que foi erguido
entre 449-438 a.C. para abrigar a estátua da deusa Athena. Mais do que um
templo sagrado, este monumento cultural e político era palco de grandes
celebrações pelas vitórias dos gregos contra os invasores da Ásia, depois dos
combates entre a lei, a democracia e a civilização, contra o atraso, a barbárie
e a tirania.
O Erechtheion, construído
entre 421-406 a.C., é outro grande monumento para ser admirado, com as suas
famosas Cariátides. Elas estão representadas em seis diferentes colunas de 6,8
m de altura cada uma, com formas femininas que, emblemática e serenamente,
sustentam nas suas cabeças todo o peso do templo. Essas colunas são cópias,
pois as originais estão no Museu da Acrópole, protegidas do desgaste sofrido
pela poluição. Este templo era o local mais sagrado da Acrópole, onde vários
deuses e heróis eram venerados. No teto existe um orifício que nunca taparam
porque pensavam que tinha sido produzido por um raio que Zeus tinha lançado! No
século VII d.C. o local foi convertido num templo cristão, e manteve-se em bom
estado de conservação desde então, até 1827, quando uma grande parte foi
destruída pelos bombardeamentos durante a guerra da independência.
Aos pés da colina da
Acrópole ficam o Teatro de Dionísio, o mais antigo do mundo, e o Odeon de
Herodes Ático, de 161 d.C.. Dionísio (denominação na Literatura Grega) era o
deus da geminação e do vinho (o conhecido Baco, na Literatura Greco-Romana).
Durante o século VI a.C. o seu culto espalhou-se por toda a Grécia. Por conta
disso, um teatro foi erguido em sua honra e foi onde surgiu, pela primeira vez,
a figura do ator. A partir de então, textos não só das aventuras de Dionísio,
mas também de outras figuras históricas e míticas, passaram a ser declamados no
local. Berço da dramaturgia ocidental, da tragédia e da comédia, foi lá que
apareceram, também, as famosas máscaras, pois um único ator representava vários
papéis! Neste teatro, Ésquilo, Sófocles, Eurípedes e Aristóteles representaram as
suas obras imortais, para, calcula-se, mais de 17 mil espectadores! O Odeon de
Herodes Ático foi construído por Tiberius Claudius Herodes, membro de uma
importante família ateniense, em homenagem a sua esposa, Regilla. O espaço,
erguido segundo a forma dos teatros romanos, tinha capacidade para 5 mil
espectadores e muitas tragédias gregas foram lá encenadas. Hoje, recuperado, o
palco é local de festivais e concertos.
Toda
a zona à volta da Acrópole está bastante desafogada. No fundo, há um enorme
passeio urbano, com árvores e outros espaços verdes.
Destaque
também para o estranho edifício que é o fantástico Museu da Acrópole. A parte
de cima está desalinhada em relação ao resto, para ser paralela ao próprio
Parthenon. O museu é incrível pela riqueza daquilo que conserva e pelo edifício
em si. O "diálogo" entre o sítio real e o sítio conservado é
extraordinariamente bem articulado pela utilização do vidro e pela disposição
das peças.
Saindo
da Acrópole em direção à Av. Doinysiou, chega-se ao Arco de Adriano, construído
na época do domínio romano, em 120 d.C, quando o Imperador Adriano ergueu o
arco em sua própria homenagem. Ali também se encontra o Olympeion, o Templo de
Zeus Olímpico onde ainda se vêm 15 impressionantes colunas, das 104 originais! Este
templo, considerado um dos maiores da antiguidade, levou sete séculos para ser
concluído, tendo o seu início no século VI a.C.. Cada coluna mede 17,25 m de
altura!
Outro
sítio arqueológico imperdível é a Ágora Antiga. Era o centro do poder e da
democracia ateniense e cenário das atividades políticas, legislativas, sociais,
culturais, desportivas e religiosas. Ali funcionavam os templos de adoração e o
comércio, e era onde Sócrates, o "Pai da Filosofia", expunha suas
ideias tão avançadas ("Sei que nada
sei"). Além dele, passaram por lá: Platão, Aristóteles, Péricles,
Homero e Alexandre o Grande. E vale a pena também lembrar que vêm da Grécia a
democracia, a filosofia, a medicina, a ética, a estética, o teatro, a oratória e,
mais tarde, Zorba o Grego, o queijo feta, o iogurte e a moussaka!!! Também o sumptuoso
Templo de Hefestos e a Biblioteca de Adriano, estão bem preservados.
Mais uma visita
emocionante e cheia de História: o Estádio Panatenaico! Finalizado em 566 a.C.,
passou por um longo restauro/reconstrução para a realização dos primeiros Jogos
Olímpicos da Era Moderna, em 1896. Isto deu-se graças ao empenho do Barão
Pierre de Coubertin que, em 1894, organizou em Paris a Conferência Olímpica
Mundial. No ano de 2004, quando Atenas foi novamente escolhida como sede dos
Jogos Olímpicos, este estádio, com capacidade para 68 mil espectadores, foi o
local de chegada da prova mais célebre ▬ a maratona.
Estamos
perante tanta História para um país tão pequeno e fragmentado em inúmeras
ilhas, verdadeiro quebra-cabeças geográfico, que se torna difícil imaginar o
quanto os gregos realmente influenciaram o Ocidente, em tudo!
Depois
de tanta cultura, passar pelo Parlamento para ver a troca da guarda, que é
feita de hora em hora, pode ser bem divertido! Seja como for, a experiência
será no mínimo interessante, pois eles usam roupas e sapatos bem estranhos e
marcham de maneira mais estranha ainda! A diversão completa-se com o público a
tirar fotografias ao lado dos guardas, que não se mexem nem sorriem de forma
nenhuma! Mas, apesar da cara séria, eles são bem engraçados, parecem "soldadinhos
de chumbo"!
O
resto de Atenas é vivê-la. Andar pelas ruas, sentir a intensidade,
passear pelo bairro Plaka, desfrutar de alguns momentos nas esplanadas bebendo
um café, um refresco, ou saboreando um gelado e observar o fervilhar e o
bulício da cidade. Sempre alguns de nós pensámos que Atenas seria uma cidade
para ver só uma vez na vida. Mas, pelo menos eu, já ando a pensar em inclui-la
numa próxima viagem à Grécia.
As compras, ah as
compras… trazer um olho grego, não há quem não goste (e, se calhar, não
precise!), é bonito e barato. As joias de ouro e prata são lindas e famosas, as
sandálias de couro também. Há lembranças para todos os preços e são muitas as
lojas típicas para turistas.
Bem, vamos deixar os relatos sobre Atenas e, podem crer, com
saudades desta cidade mágica e enigmática, concordando com Nikos Kazantzakis,
autor de Zorba, o Grego, quando ele diz que “em nenhum outro lugar do mundo se
passa tão suavemente da realidade ao sonho"!!! Mas o nosso sonho ainda não
tinha acabado, pois ainda íamos continuar, por mais uns dias, a viagem e a
estadia em terras gregas!!! O relato desses dias serão objeto duma crónica que
irei publicar em breve.
Vasco Lopes da Gama