quinta-feira, 14 de maio de 2015

VISITAR A GRÉCIA… A REALIZAÇÃO DUM SONHO! ▬ ( I )

Inserida no plano de atividades do ano letivo 2014/2015, a viagem à Grécia da Associação Sénior de Odivelas (ASO) / Universidade Sénior de Odivelas (USO), decorreu entre os dias 24 e 29 de abril de 2015, tendo nela participado 33 associados da ASO e alunos da USO. Para além de ter sido uma oportunidade para o nosso enriquecimento cultural, contribuiu também para nos ter proporcionado momentos dum franco e agradável convívio, entre todos os elementos do nosso grupo, contribuindo assim para o estreitamento e fortalecimento dos laços de amizade e companheirismo do círculo "ASO/USO".
Sempre tive muita vontade de conhecer a Grécia, por ser um país histórico e que nos oferece várias opções de cultura e lazer.
Por isso, ao ser inserido no plano de atividades do ano letivo 2014/2015 da "ASO/USO", uma viagem à Grécia, logo vi aqui a oportunidade de poder realizar um antigo e desejado sonho.
Quando o nosso grupo chegou a Atenas ainda me parecia que estava a sonhar! Três mil anos de idade e de história! Já dentro da cidade, achei Atenas um espetáculo ao ar livre, com todos os registos palpáveis do chamado berço da civilização ocidental e da democracia, ali mesmo, à nossa frente e aos nossos pés.
A primeira coisa que impressiona é, obviamente, a Acrópole. É mesmo assim, só percebemos as coisas quando estamos junto delas. Tantos mapas, fotografias, vídeos e nunca tinha tido noção da forma absolutamente dominante da Acrópole sobre a cidade.
Atenas é enorme, mas fica numa planície onde há montanhas à volta e um ou outro monte pelo meio. A Acrópole é como que o coração de tudo, parece que a cidade se organiza à volta dela e, ao que parece, são poucos os sítios da cidade de onde ela não se veja. Mas não é só a natureza que torna a Acrópole tão dominadora, é também o facto de os gregos não permitirem construção em altura que possa ser mais alta que a Acrópole. Por isso, o que vemos é o monte que domina a cidade, sem qualquer concorrente, a não ser outros montes.
A Acrópole é o principal ponto turístico da cidade de Atenas. Passear pela Acrópole é respirar história e transportar-nos para a época de ouro da Grécia Antiga.
Grande parte da Acrópole está destruída e com maquinaria e equipamentos que fazem o seu restauro, o que atrapalha um pouco as fotografias. Porém, o enorme encanto que este lugar possui faz-nos esquecer quaisquer problemas…
Do complexo de templos da Acrópole (cidade alta, em grego) sobraram apenas ruínas, mas mesmo assim é tudo ainda tão grandioso, que é difícil não se ser arrebatado por esse lugar onde o tempo é medido em milênios! O monumento mais impactante é sem dúvida alguma o Parthenon – Casa da Virgem –, feito de mármore, que foi erguido entre 449-438 a.C. para abrigar a estátua da deusa Athena.  Mais do que um templo sagrado, este monumento cultural e político era palco de grandes celebrações pelas vitórias dos gregos contra os invasores da Ásia, depois dos combates entre a lei, a democracia e a civilização, contra o atraso, a barbárie e a tirania.
O Erechtheion, construído entre 421-406 a.C., é outro grande monumento para ser admirado, com as suas famosas Cariátides. Elas estão representadas em seis diferentes colunas de 6,8 m de altura cada uma, com formas femininas que, emblemática e serenamente, sustentam nas suas cabeças todo o peso do templo. Essas colunas são cópias, pois as originais estão no Museu da Acrópole, protegidas do desgaste sofrido pela poluição. Este templo era o local mais sagrado da Acrópole, onde vários deuses e heróis eram venerados. No teto existe um orifício que nunca taparam porque pensavam que tinha sido produzido por um raio que Zeus tinha lançado! No século VII d.C. o local foi convertido num templo cristão, e manteve-se em bom estado de conservação desde então, até 1827, quando uma grande parte foi destruída pelos bombardeamentos durante a guerra da independência.
Aos pés da colina da Acrópole ficam o Teatro de Dionísio, o mais antigo do mundo, e o Odeon de Herodes Ático, de 161 d.C.. Dionísio (denominação na Literatura Grega) era o deus da geminação e do vinho (o conhecido Baco, na Literatura Greco-Romana). Durante o século VI a.C. o seu culto espalhou-se por toda a Grécia. Por conta disso, um teatro foi erguido em sua honra e foi onde surgiu, pela primeira vez, a figura do ator. A partir de então, textos não só das aventuras de Dionísio, mas também de outras figuras históricas e míticas, passaram a ser declamados no local. Berço da dramaturgia ocidental, da tragédia e da comédia, foi lá que apareceram, também, as famosas máscaras, pois um único ator representava vários papéis! Neste teatro, Ésquilo, Sófocles, Eurípedes e Aristóteles representaram as suas obras imortais, para, calcula-se, mais de 17 mil espectadores! O Odeon de Herodes Ático foi construído por Tiberius Claudius Herodes, membro de uma importante família ateniense, em homenagem a sua esposa, Regilla. O espaço, erguido segundo a forma dos teatros romanos, tinha capacidade para 5 mil espectadores e muitas tragédias gregas foram lá encenadas. Hoje, recuperado, o palco é local de festivais e concertos.
Toda a zona à volta da Acrópole está bastante desafogada. No fundo, há um enorme passeio urbano, com árvores e outros espaços verdes.
Destaque também para o estranho edifício que é o fantástico Museu da Acrópole. A parte de cima está desalinhada em relação ao resto, para ser paralela ao próprio Parthenon. O museu é incrível pela riqueza daquilo que conserva e pelo edifício em si. O "diálogo" entre o sítio real e o sítio conservado é extraordinariamente bem articulado pela utilização do vidro e pela disposição das peças.
Saindo da Acrópole em direção à Av. Doinysiou, chega-se ao Arco de Adriano, construído na época do domínio romano, em 120 d.C, quando o Imperador Adriano ergueu o arco em sua própria homenagem. Ali também se encontra o Olympeion, o Templo de Zeus Olímpico onde ainda se vêm 15 impressionantes colunas, das 104 originais! Este templo, considerado um dos maiores da antiguidade, levou sete séculos para ser concluído, tendo o seu início no século VI a.C.. Cada coluna mede 17,25 m de altura!
Outro sítio arqueológico imperdível é a Ágora Antiga. Era o centro do poder e da democracia ateniense e cenário das atividades políticas, legislativas, sociais, culturais, desportivas e religiosas. Ali funcionavam os templos de adoração e o comércio, e era onde Sócrates, o "Pai da Filosofia", expunha suas ideias tão avançadas ("Sei que nada sei"). Além dele, passaram por lá: Platão, Aristóteles, Péricles, Homero e Alexandre o Grande. E vale a pena também lembrar que vêm da Grécia a democracia, a filosofia, a medicina, a ética, a estética, o teatro, a oratória e, mais tarde, Zorba o Grego, o queijo feta, o iogurte e a moussaka!!! Também o sumptuoso Templo de Hefestos e a Biblioteca de Adriano, estão bem preservados.
Mais uma visita emocionante e cheia de História: o Estádio Panatenaico! Finalizado em 566 a.C., passou por um longo restauro/reconstrução para a realização dos primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna, em 1896. Isto deu-se graças ao empenho do Barão Pierre de Coubertin que, em 1894, organizou em Paris a Conferência Olímpica Mundial. No ano de 2004, quando Atenas foi novamente escolhida como sede dos Jogos Olímpicos, este estádio, com capacidade para 68 mil espectadores, foi o local de chegada da prova mais célebre ▬ a maratona.
Estamos perante tanta História para um país tão pequeno e fragmentado em inúmeras ilhas, verdadeiro quebra-cabeças geográfico, que se torna difícil imaginar o quanto os gregos realmente influenciaram o Ocidente, em tudo!
Depois de tanta cultura, passar pelo Parlamento para ver a troca da guarda, que é feita de hora em hora, pode ser bem divertido! Seja como for, a experiência será no mínimo interessante, pois eles usam roupas e sapatos bem estranhos e marcham de maneira mais estranha ainda! A diversão completa-se com o público a tirar fotografias ao lado dos guardas, que não se mexem nem sorriem de forma nenhuma! Mas, apesar da cara séria, eles são bem engraçados, parecem "soldadinhos de chumbo"!
O resto de Atenas é vivê-la. Andar pelas ruas, sentir a intensidade, passear pelo bairro Plaka, desfrutar de alguns momentos nas esplanadas bebendo um café, um refresco, ou saboreando um gelado e observar o fervilhar e o bulício da cidade. Sempre alguns de nós pensámos que Atenas seria uma cidade para ver só uma vez na vida. Mas, pelo menos eu, já ando a pensar em inclui-la numa próxima viagem à Grécia.
As compras, ah as compras… trazer um olho grego, não há quem não goste (e, se calhar, não precise!), é bonito e barato. As joias de ouro e prata são lindas e famosas, as sandálias de couro também. Há lembranças para todos os preços e são muitas as lojas típicas para turistas.
Bem, vamos deixar os relatos sobre Atenas e, podem crer, com saudades desta cidade mágica e enigmática, concordando com Nikos Kazantzakis, autor de Zorba, o Grego, quando ele diz que “em nenhum outro lugar do mundo se passa tão suavemente da realidade ao sonho"!!! Mas o nosso sonho ainda não tinha acabado, pois ainda íamos continuar, por mais uns dias, a viagem e a estadia em terras gregas!!! O relato desses dias serão objeto duma crónica que irei publicar em breve.
Vasco Lopes da Gama

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