Grande parte dos pais procura superproteger os filhos mas, ainda
que inconscientemente, com essa atitude estão de certa forma a impedir que os
filhos, por si mesmos, encontrem os meios necessários para manterem o seu
próprio desenvolvimento.
Por quase todos nós, pais, há um momento nas nossas vidas que
nos marca e que não raras vezes recordamos como que com um nó na garganta.
Trata-se do momento em que nós, enquanto pais, às vezes já com uma idade
avançada, achando que já ensinámos praticamente tudo sobre a vida, dizemos aos
nossos filhos, que se preparem para partir em busca da sua própria vida e do
seu futuro: “vão e não olhem para trás,
sigam em busca do vosso caminho e dos vossos ideais”. É um momento difícil
para nós enquanto pais e, talvez também, para eles, enquanto filhos.
Muitos de nós, enquanto pais, não tínhamos a audácia de
estimular os nossos filhos a saírem do pé de nós.
Mas, hoje
em dia, tem-se a impressão de que as coisas já estão a mudar. Parece que atualmente
os pais procuram respeitar a vontade dos filhos e a forma como eles pretendem
fazer as suas vidas.
Mas será
mesmo isto o que se passa? Não estou assim tão certo.
É
evidente que há grandes avanços. Os jovens de hoje são mais livres para
escolher as profissões que acham mais adequadas ao seu perfil e vocação; são
mais livres de escolherem os seus namoros e para se casarem, ou não. Poucos são
os pais que, hoje em dia, têm a coragem de interferir frontalmente sobre o
destino dos seus filhos. Isso, é claro, desde que eles se comportem dentro dos
limites e dos padrões de conduta mais usuais.
Quantos
filhos que decidem ser atores, bailarinos, músicos, etc., não esbarram com
críticas e muitos problemas e obstáculos familiares? O mesmo se passa com os
homossexuais que, na grande maioria das vezes, ocultam as suas práticas das
famílias.
Na época atual, muitas das nossas
crianças e jovens, são demasiadamente apaparicados e mimados pelos pais e acabam
por não desenvolver os meios necessários para se manterem “sobre as próprias pernas”. É evidente que, desta forma, jamais
estarão em condições de partir para longe dos pais. Foram carregados ao colo o
tempo todo, ficando como que “sem pernas para
caminhar sozinhos”, não podendo andar pelos seus próprios meios.
Muitos
dos pais que assim procedem, fazem-no porque, na realidade, querem os filhos
perto de si, exatamente como se fazia no passado. O terem os filhos por perto de
si dá-lhes sabor e sentido às suas próprias vidas. Esquecem-se que, desta
forma, os seus filhos ficam “sem asas e
incapazes de voar”, por sua própria conta.
Hoje,
aos pais, é importante que preparem os filhos para que eles saibam “voar
sozinhos”.
Vasco Lopes da Gama
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