A Organização
Mundial da Saúde (OMS) chama a atenção para o aumento do número de pessoas com mais de 60
anos. Em 2050 haverá 2 mil milhões de idosos no mundo, anuncia a "OMS".
A população mundial está a envelhecer rapidamente. Em poucos anos, já haverá no mundo mais pessoas acima
dos 60 anos do que crianças menores de cinco.
Muitas pessoas ainda acreditam que
isso só diga respeito aos países ricos e que seja uma preocupação restrita à
Europa e ao Japão. Mas isso não é verdade.
Em 2050,
haverá 2 mil milhões de pessoas idosas no mundo, e 80% delas viverão em países
que atualmente classificamos como emergentes ou em desenvolvimento.
Na verdade,
a notícia pode ser considerada boa, pois significa que a expectativa de vida e
o bem-estar da população estão a aumentar em termos globais. Entretanto, a
idade avançada é, duma maneira geral, vista como um efeito colateral do desenvolvimento
sócio-económico.
No passado,
sempre se falava no prolongamento da vida por alguns anos. Isso é verdade, e os
países estão a conseguir enormes progressos nesse sentido.
Porém,
envelhecer não basta, é preciso dar um passo em frente. É preciso preencher os
anos adicionais com qualidade de vida. As pessoas de todo o mundo têm o direito
de envelhecer com boa saúde.
Em todo o
mundo, os idosos morrem hoje das mesmas doenças. As causas de morte e invalidez
mais comuns são doenças não infecciosas. O que mais nos preocupa hoje são as
doenças cardiovasculares, os acidentes vasculares, a demência e as infecções
respiratórias. O tratamento de tais problemas de saúde é geralmente simples e
barato.
Muitas das
doenças podem ser evitadas por um estilo de vida saudável. Nos países em
desenvolvimento morrem quatro vezes mais pessoas das chamadas "doenças do
estilo de vida" do que nos países ricos. A razão é a falta de cuidados
médicos básicos.
O envelhecimento
populacional é um fenómeno novo na humanidade. Devido ao declínio da
mortalidade, vacinações sistemáticas, saneamento
básico e, principalmente, aos avanços da medicina as pessoas vivem cada vez
mais anos.
Através de todo o mundo, hoje, os velhos são a parcela da população que mais
cresce. Por exemplo, no Brasil, em 2050, um em cada quatro brasileiros será
idoso.
Hoje é
cada vez maior o número de pessoas com 80, 90, 100 anos. E já se fala até de
uma "Quarta Idade"!
Com o
crescente envelhecimento da população, é preciso repensar o conceito de saúde.
Para muitas pessoas, saúde é não estar doente, porém a Organização Mundial de
Saúde (OMS) define-a de uma forma mais ampla: "saúde é um estado de
completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas ausência de doença".
Pensando em mobilizar toda a sociedade para promoção da saúde, a OMS produziu o
documento "Envelhecimento Saudável", onde aborda medidas para
promover um envelhecimento ativo e saudável buscando uma melhor qualidade de
vida na terceira idade.
Mas o que é
um idoso saudável? É uma pessoa que não possui doença? Não. É aquele que
consegue manter a sua autonomia (capacidade de gerir a própria vida e de tomar
decisões) e sua independência (capacidade de realizar atividades sem ajuda).
O equilíbrio
entre saúde física e mental, independência nas atividades de vida diária e nas
atividades instrumentais, integração social e o suporte familiar relacionam-se
com o bem-estar na terceira idade.
O
envelhecimento ativo e saudável busca oferecer qualidade de vida através da
alimentação adequada e balanceada, prática regular de exercício físico, convivência
social, busca de atividades que dêem prazer, que diminuam o stress, que reduzam
os efeitos decorrentes do consumo de álcool e tabaco, assim como da
automedicação.
A população
ainda possui uma antiga visão sobre os idosos que precisa ser modificada. O idoso
dos dias de hoje já não é uma pessoa frágil, incapaz e dependente. Ele é cada
vez mais participativo na vida social, merecendo todas as oportunidades de
viver bem e com saúde. Manter o idoso ativo e saudável é um grande desafio que
depende do próprio, das diretivas políticas e governamentais e de toda a
sociedade.
É neste
contexto que se deve equacionar a questão “o idoso de ontem e o idoso de hoje”.
Envelhecer é
ficar mais velho, ser mais experiente, amadurecer.
Duma maneira
geral a um idoso compete ser experiente perante a sociedade, ser o mais velho
muitas vezes, é também ser amadurecido. Porém o amadurecer do idoso nos dias de
hoje pode ser muito diferente daquele
amadurecer de antigamente, mais ainda quando se analisa as diferenças no âmbito
da atividade física.
Para
compreender a diferença entre a vida do idoso ontem e hoje é necessário
entender que os idosos de hoje estão em maior evidência que os idosos de ontem.
Nos dias de hoje, os idosos são fruto de pesquisas, elaboração de produtos
especiais só para eles, criação de programas especiais em todas as formas de
marketing comercial e cada vez mais na medicina se buscam formas de encontrar -
a fórmula da longevidade.
A saída das
zonas rurais para os grandes centros trouxe grande diferença entre os novos idosos
e os velhos idosos. Os idosos de antigamente tinham uma vida no campo regrada por
um contexto de trabalho árduo, um convívio mais próximo das atividades com a
terra, longas caminhadas, desportos que não lhes ofereciam muita segurança
quanto a lesões, nadar em rios, pescar, entre outras atividades. Isto leva-nos
a pensar que tais atividades são boas, naturais e que proporcionam uma vida saudável!
Mas em relação
à população de antigamente, vemos que esta não teve uma vida tão longa como
encontramos nos dias de hoje e a qualidade de vida não era tão plena como a que
há atualmente.
Os idosos
hoje vivem mais, isso é um facto. Os avanços tecnológicos e médicos, o aumento
dos profissionais de saúde e das atividades comerciais de saúde viradas para a
terceira idade são alguns fatores que colaboram para o aumento da longevidade
dos idosos.
Os avanços
médicos são importantes, pois quanto mais a medicina avança, melhores serão os
tratamentos para evitar as doenças e assim amenizar os efeitos do
envelhecimento.
Os idosos de
antigamente tiveram a sua época e vivências comuns ao seu tempo. As suas
práticas físicas eram mais naturais, porém os meios que estes utilizavam,
muitas vezes, comprometiam o seu corpo e a longevidade passava distante da que
temos hoje. Assim, é espectável que a evolução continue e, por meio de práticas
saudáveis, possamos vir a ter pessoas com maior longevidade e, possivelmente, chegarem
até aos 150 anos.
Hoje aprendemos que a palavra “idoso” não é sinónimo de luto, de
tristeza, de solidão e de limitações físicas.
O
idoso hoje em dia deve procurar ter um "envelhecimento ativo". Uma
forma, entre outras, do idoso se poder manter ativo é optar por procurar
envolver-se num compromisso de co-responsabilização social desenvolvendo atividades,
por exemplo, na área do voluntariado, procurando contribuir para a felicidade
dos outros, ou de alguém. Todos nós devemos ser capazes de contribuir para o
bem da humanidade e, desta forma, mudar o mundo.
Uma
outra hipótese que se oferece aos idosos aposentados
interessados é a oportunidade de poderem transmitir as suas experiências
profissionais e conhecimentos para outros, tanto no nosso país como no
estrangeiro, trabalhando de forma voluntária como ”Especialista Sénior”,
ajudando a formar os trabalhadores
especializados e o pessoal de gestão. Duma maneira geral, o
desenvolvimento da atividade destes “Especialistas Seniores”, deverá ser,
principalmente, direcionada para apoiar pequenas e médias empresas,
instituições públicas, autarquias, estabelecimentos de ensino e organizações.
Por tudo o que foi dito estamos
perante uma geração de pessoas que, por incrível que pareça, jamais se
deixarão envelhecer. Ainda hoje não deixam de se enamorar, abraçar, experimentar,
dançar, cantar, transmitir conhecimentos e vivências. Ousam ficar bonitos. Não se entregam à saudade. Não dão
fôlego à solidão. Uma suave energia se restaura, com a sua cumplicidade ao
longo dos anos, fruto de uma convivência que faz mais digna a vida. O prazer de
dividir. O fortalecimento nas dificuldades. A emoção dos momentos felizes. O
respeito à individualidade. O abraço dos amigos. A admiração mútua. A
sagrada família. Os adoráveis filhos. A magia encantadora dos netos.
Quem de nós não guarda, como num relicário, todas estas
coisas que tocam nossa vida?
Idosa é aquela pessoa que tem tido a
felicidade de viver uma longa vida produtiva, de ter adquirido uma grande
experiência - sendo uma porta entre o passado e o futuro e é no presente que os
dois se encontram.
Enquanto o idoso tem os seus olhos
postos no horizonte, de onde o sol desponta e a esperança se ilumina, o velho
tem a sua miopia voltada para os tempos que passaram.
O idoso tem planos, o velho tem
saudades.
O idoso leva uma vida ativa, plena
de projetos e de esperança. Para ele o tempo passa rápido e a velhice nunca
chega.
Em suma, o idoso e o velho são duas pessoas que até
podem ter, no registo civil, a mesma idade cronológica, mas o que têm são idades diferentes
no coração!
Vasco Lopes da Gama