No
âmbito do plano de atividades do ano letivo 2017/2018 da
"ASO"/"USO" realizou-se, no dia 27 de outubro de 2017, uma
visita guiada ao Aqueduto das Águas Livres.
Com uma extensão geográfica
notável, esta obra grandiosa, construída para o povo e por ele financiada,
envolveu a arte e o engenho de grandes nomes da história, e superou as maiores
construções do seu tempo. Com uma história que se estendeu para além dos
limites temporais da sua construção, o Aqueduto mantém a representação da
cultura da sua região.
O Aqueduto funcionou
plenamente durante cerca de cento e cinquenta anos, no entanto o rápido
crescimento do final do século XIX acabou por sentenciá-lo sendo, por isso, necessário
construir um novo sistema de abastecimento à cidade. Assim, no ano de 1880 as
águas do Alviela acabariam por se juntar às das Águas Livres. Desde essa altura
continuaram a ser efetuadas medições que levaram a concluir-se que a quantidade
de água trazida pelo Aqueduto seria cada vez mais reduzida, acabando este por
ser praticamente desativado em meados do século XX.
O Aqueduto das Águas Livres
é atualmente propriedade da EPAL (Empresa Portuguesa das Águas Livres), que é responsável
pela sua manutenção, e o Museu da Água detém a responsabilidade principal de
cuidar do seu valor patrimonial, e contribuir para a divulgação da sua memória.
O Aqueduto das Águas Livres marcou
o crescimento cosmopolita de Lisboa e é também o retrato de uma cultura
tradicional portuguesa, sendo, também por esse facto, uma peça fundamental da
história da arquitetura em Portugal. É um património de relevantíssimo
reconhecimento, pelo que amplamente deve ser merecedor dum consistente esquema
de salvaguarda, em todo o seu percurso.
Note-se ainda que o Aqueduto
das Águas Livres foi uma das obras mais ansiadas pela população lisboeta, em
função das enormes carências que a cidade manifestava nos inícios do século
XVIII.
Embora completo o trajeto
entre as nascentes e os chafarizes na cidade, a construção da obra, com o
traçado que se conhece hoje, prolongou-se ainda pelo século XIX. O traçado
principal tem um total de catorze quilómetros compreendidos entre as nascentes
em Belas e as Amoreiras, enquanto o Aqueduto, no total — somando os aquedutos
subsidiários e emissários — se estende ao longo de cerca de cinquenta e oito
quilómetros.
O Aqueduto das Águas Livres
está presentemente, classificado como Património Nacional. Desde a sua
conclusão, e em especial no século XIX, várias pinturas de famosos artistas,
sobretudo de outros países da Europa, retrataram uma paisagem da cidade de
Lisboa, e raramente nelas era esquecida aquela obra dos Grandes Arcos.
Oficialmente foi desativado
nos anos sessenta do século XX, já sob tutela da EPAL. O Aqueduto das Águas
Livres mantém-se como um monumento histórico, recheado de memórias e muitas
outras estórias para contar. Resta-nos um marco sobretudo, no desenvolvimento
ocidental da cidade, na contribuição para o desenho da cidade barroca, com as
mães de água, os seus arcos e as suas praças e chafarizes.
Apesar dos trabalhos que
exigem a divulgação do Aqueduto como património, e da luta pela dignificação do
seu valor, é necessário que todos nós, e sobretudo a população da cidade de
Lisboa o conheça e que conheça a importância da sua construção.
O Aqueduto das Águas Livres
foi um marco no crescimento da cidade de Lisboa, e contribuiu para a construção
da sua imagem e identidade. O Aqueduto tem um carácter monumental, e é das
poucas obras que mais caracterizou o poder e a vontade de um povo.
Transversal a todas as
sociedades e hierarquias, nele permanece a representação da corte e da classe
mais baixa, da economia e da religião, da memória dos mais prestigiados
artistas e sobretudo da necessidade de uma população.
Ao terminarmos este
apontamento de reportagem, não poderíamos deixar de referir que esta visita
guiada foi muito elucidativa, para além de nos ter sido retratada uma parte da
evolução histórica da cidade de Lisboa.
Uma última palavra é de
agradecimento e dirigida à Direção do "ASO", particularmente aos
elementos mais diretamente envolvidos na realização deste evento, que foi seguido
com muito interesse, por um significativo grupo de elementos da
"ASO"/"USO", que participaram nesta visita.
Vasco Lopes da Gama
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