A palavra
férias provém do latim 'feria, -ae',
singular de 'feriae, -arum', que significava, entre os romanos, o dia em
que não se trabalhava por determinação religiosa. Era assim num passado bem
distante, mas na atualidade é a lei que estabelece o tempo de férias.
De país para país, o período de
férias pode variar, em função de legislação própria, como é o caso, por
exemplo, dos trabalhadores franceses e dos austríacos terem direito a 5 semanas
e os sul-coreanos terem direito só a 10 dias de férias.
As férias são
um direito que visa possibilitar a recuperação física e psíquica dos
trabalhadores e a assegurar-lhes condições mínimas de disponibilidade pessoal,
de integração na vida familiar e de participação social e cultural. É assim que
o legislador português encara as férias.
Estamos no tempo das férias e, até mesmo os que as não têm, se colocam no “modo de férias”, porque se interiorizou que as férias são um poder de quase todos.
Férias são um poder que, para a
maioria, se transformou em hábito adquirido e definitivo. Tanto assim é que, os
que vivem o ano todo em “modo de férias”, chegado o Verão, exigem que esse seu
poder individual e indelegável, que são as férias, se transforme num direito,
definitivo e efetivo. E, se até esses vivem “religiosamente” as férias como um
direito, no pensamento de muitas pessoas e famílias, férias são no Verão, com
praia, sol, descanso, vida fácil, vivendo no “modo de domingo” (isto é, sem
dever nenhum e sem fazer quase nada) e no “modo de ócio e prazer”.
Porém, não nos podemos esquecer
que há férias e férias, há vidas e vidas, que há trabalhos e empregos, famílias
e famílias, rendimentos disponíveis e indisponíveis, direitos e deveres, para
além da diversidade de responsabilidades e compromissos. E tudo isso condiciona,
mais ou menos, as férias de todos.
Todas estas considerações vieram
ao meu pensamento a propósito do tempo em que vivemos e no qual nos devemos
questionar sobre se as férias, para os adultos e para os mais pequenos, nos
tempos que vão correndo, devem continuar a ser o que foram durante décadas ou
se, com o passar do tempo, se transformaram num vício e não num direito.
Há ainda muitos que vão podendo fazer
férias, fiéis à tradição. Com a família nuclear mais próxima presente, na
praia, com calor e com a simplicidade exclusiva de uma gastronomia de grelhados
em casa no recato familiar. Não sei se isto faz parte da maioria ou da minoria
dos que protagonizam as férias, na categoria de um poder de tipo exclusivo de
nada fazer e de com nada se preocupar.
No meu caso pessoal confesso que, por
muito que me esforce, não sou capaz de viver no ócio e no prazer a 100%. De
desligar do mundo, dos problemas, dos compromissos, das responsabilidades
assumidas e do que existe por fazer, mesmo de férias. Será, possivelmente, um
defeito meu. Mas, felizmente, estou certo que não sou o único.
Para outros poderem viver as férias,
alguém tem de se preocupar minimamente com o que tem de ser feito no tempo de
férias, ou fora delas.
Em tempo de férias, a família
e a cultura familiar devem ser, se possível ainda mais, sustentadas na base da verdade
e do reconhecimento de tudo aquilo que têm sido ao longo de todo o ano. Este reconhecimento,
deve ser efetuado mutuamente, a fim de que as boas palavras e ações não se
erradiquem, mesmo em momentos de relaxamento
O tempo de férias, é também o momento ideal para lermos algo que nos faça bem. Algo que faça evoluir os nossos pensamentos e as nossas ideias e que, acima de tudo, fortaleça os nossos conhecimentos e exercite a nossa inteligência, para que nos possamos sentir mais realizados. É também importante que nas férias possamos vivenciar bons momentos, bons sorrisos, boas palavras, simpatia no olhar e o impulso da motivação e força de viver e de sermos felizes.
É assim que, na minha opinião,
devemos encarar e viver este tempo de férias.
Boas férias
para todos!
Vasco Lopes da Gama
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