sábado, 10 de setembro de 2011

As mãos do meu avô!


Meu avô, com noventa e tantos anos, sentado debilmente no banco do jardim, não se movia. 

Estava cabisbaixo, olhando para as suas mãos. Quando me sentei ao seu lado, nem deu pela minha presença.

E o tempo passava…

Sem querer incomodá-lo, mas querendo saber como estava, perguntei-lhe como se sentia.

Levantou a cabeça, olhou-me e sorriu. "Estou bem, obrigado por perguntares", disse com uma forte e clara voz.

Expliquei-lhe que não queria incomodá-lo, mas queria ter certeza de que estava bem, já que estava sentado, imóvel, simplesmente, olhando para suas mãos.

Meu avô perguntou-me: "Alguma vez já olhastes as tuas mãos? Quero dizer, olhaste realmente para elas?"

"Tu nunca voltarás a ver as tuas mãos da mesma maneira…"   

Lentamente soltei minhas mãos das de meu avô, abri-as e contemplei-as. Virei as palmas para cima e depois para baixo.

Não, creio que realmente nunca as tinha observado. Queria saber o que o meu avô me queria dizer.

Meu avô sorriu e disse-me...

"Para e pensa um momento sobre como tuas mãos te têm servido através dos anos. Estas mãos, ainda que enrugadas, secas e débeis têm sido as ferramentas que usei toda a minha vida para alcançar, pegar e envolver.

Elas puseram a comida na minha boca e a roupa no meu corpo. Quando criança, minha mãe ensinou-me a juntá-las em oração. Elas ataram os atacadores dos meus sapatos e ajudaram-me a calçar as minhas botas.

Estiveram sujas, esfoladas, ásperas, entrelaçadas e dobradas...

Foram inábeis quando tentei embalar a minha filha recém nascida...

Foram decoradas com uma aliança e mostraram ao mundo que estava casado e que amava alguém muito especial...

Elas tremeram quando enterrei meus pais e esposa, e quando entrei na igreja com minha filha no dia do seu casamento.

Elas têm coberto o meu rosto, penteado o meu cabelo e lavado e limpo todo o meu corpo.

E, até hoje, quando quase nada em mim funciona bem, estas mãos ajudam-me a levantar e a sentar e ainda se juntam para eu orar.

Estas mãos têm as marcas de onde estive e a dureza de minha vida.

Mas, o mais importante, é que são estas mãos que Deus tomará nas Suas quando me levar à Sua presença!"

Desde então, nunca mais vi as minhas mãos da mesma maneira.

Mas lembro-me quando Deus esticou as Suas mãos e tomou as de meu avô e o levou à Sua presença.

Na verdade, as nossas mãos são uma bênção.

Cada vez que uso as minhas mãos penso no meu avô, e pergunto-me: “Será que estou fazendo bom uso das minhas mãos?”

E sempre que a minha consciência responde que “estou a usar as minhas mãos para praticar o bem, para trabalhar honestamente, que as estou a usar para dar carinho e amparo a quem necessita”, sinto-me feliz e em paz…

E agradeço ao Criador por tamanha bênção, esperando que Ele estenda Suas mãos para que, também eu, um dia, possa nelas repousar!”

A vida acontece no presente, sempre!

Há somente o hoje, o agora, e que este possa ser o nosso momento com Deus!

Agradeçamos, por tudo o que temos na vida… e também pelas nossas mãos que, com bondade, ajudam a tornar o HOJE, um dia MELHOR!

2 comentários:

  1. pois....está uma reflexão muito completa, mas o mesmo poderíamos dizer dos olhos, dos pés, da boca, enfim. quão complexa é a nossa natureza e quão perfeito quem criou o 1º homem e ou/mulher!

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  2. Olá Fátima!
    Tem razão, mas esta é apenas uma das muitas reflexões que se podem fazer sobre o maravilhoso "mistério" que é este nosso corpo humano.
    Um abraço e obrigado pelo comentário,
    Vasco

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