sábado, 25 de junho de 2011

Verão – tempo de férias, lazer e exercícios ao ar livre

O Verão do hemisfério norte é chamado de “Verão boreal”, e o do hemisfério sul é chamado de “Verão austral”. O “Verão boreal” tem início com o solstício de Verão do Hemisfério Norte, que acontece em 21 de Junho.

Neste período, as temperaturas permanecem elevadas e os dias são longos.

Geralmente, o verão é uma época do ano linda para ir à praia, tirar férias, fazer viagens, passeios e diversão, para além de muitas outras coisas. Tudo isto somado proporciona-nos um roteiro que, para além de atraente, tem espaço para todos: os que querem gozar os seus merecidos momentos de descanso e aqueles que continuam a trabalhar nesta estação do ano.

No entanto, nos dias muito quentes que se vão fazendo, há um aspecto que nunca nos devemos esquecer – a precaução! Todos devemos tê-la em doses bastante grandes e generosas.

Sem dúvida que o verão traz alegria mas, não havendo uma correcta observância de algumas necessárias precauções, podem surgir alguns malefícios.

Verão é uma época ideal para momentos de lazer ao ar livre. Mas para isso é preciso, não só ter disposição, mas também energia. Por isso, manter uma alimentação saudável torna-se indispensável.

Para além da energia, deverá também prestar-se atenção a outras questões tais como, por exemplo, a “Hidratação”, pois as altas temperaturas aumentam a libertação de líquidos e sais minerais pelo suor. Isto deve levar a que nunca nos devemos esquecer de ter sempre à mão uma garrafinha de água, bem como sumos e/ou chás gelados.

Deve ainda tomar-se muito cuidado e atenção para as “tentações” que estão presentes nas praias, parques e locais de lazer, tais como: o camarão, o peixe frito, o pastelinho, a batata frita, o salgadinho, as pipocas e os hambúrgueres, entre outros. Todos estes alimentos são ricos em calorias e gorduras, cuja ingestão pode causar um certo mal-estar e desconforto.

Outro aspecto importante é a prática de actividades físicas, principalmente durante o verão, as quais devem ser praticadas com cautela. Muitas pessoas sentem-se mal por levar ao extremo o exercício físico, ou por não levar em consideração algumas regras essenciais para dias de muito sol e quentes – como é o caso da hidratação. Beber água antes, durante e após as actividades físicas é de extrema importância devido às altas temperaturas, uma vez que o corpo perde mais água e sais minerais, provocando um aumento do risco de tonturas e de mal-estar. O cuidado com as roupas e o calçado também é fundamental, recomendando-se o uso de modelos confortáveis, tecidos leves e uns bons ténis.

Na estação do sol, as actividades ao ar livre não são apenas constituídas de exercícios. Jogar à bola, brincar com raquetes no parque, ou passear com o cão, são alguns exemplos das actividades que, em períodos de lazer, também promovem resultados físicos e mentais positivos.

Aproveitemos, pois, a energia do verão  saindo de casa e divertindo-nos!
Vasco Lopes da Gama

domingo, 12 de junho de 2011

A Implosão da Mentira

          A Implosão da Mentira
                          ou
        o Episódio do Riocentro

                   Fragmento 1
Mentiram-me. Mentiram-me ontem
e hoje mentem novamente. Mentem
de corpo e alma, completamente.
E mentem de maneira tão pungente
que acho que mentem sinceramente.
Mentem, sobretudo, impune/mente.
Não mentem tristes. Alegremente
mentem. Mentem tão nacional/mente
que acham que mentindo história afora
vão enganar a morte eterna/mente.
Mentem. Mentem e calam. Mas suas frases
falam. E desfilam de tal modo nuas
que mesmo um cego pode ver
a verdade em trapos pelas ruas.

Sei que a verdade é difícil
e para alguns é cara e escura.
Mas não se chega à verdade
pela mentira, nem à democracia
pela ditadura.


           Fragmento 2

Evidente/mente a crer
nos que me mentem
uma flor nasceu em Hiroshima
e em Auschwitz havia um circo
permanente.
Mentem. Mentem caricatural-
mente. 
Mentem como a careca
mente ao pente,
mentem como a dentadura
mente ao dente,
mentem como a carroça
à besta em frente,
mentem como a doença
ao doente,
mentem clara/mente
como o espelho transparente. 
Mentem deslavadamente,
como nenhuma lavadeira mente
ao ver a nódoa sobre o linho. Mentem
com a cara limpa e nas mãos
o sangue quente. Mentem
ardente/mente como um doente
em seus instantes de febre. Mentem
fabulosa/mente como o caçador que quer passar
gato por lebre. E nessa trilha de mentiras
a caça é que caça o caçador
com a armadilha.

E assim cada qual
mente industrial? mente,
mente partidária? mente,
mente incivil? mente,
mente tropical? mente,
mente incontinente? mente,
mente hereditária? mente,
mente, mente, mente.
E de tanto mentir tão brava/mente
constroem um país
de mentira
-diária/mente.
Affonso Romano Sant’Anna
(Publicado no livro Política e Paixão - 1984)

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Recordações duma viagem ao Alentejo (V) - Marvão

Entre os solos quase esqueléticos que bordejam o Rio Tejo e as grandes serranias de S. Mamede, o Concelho de Marvão, marcado a Norte pelos exuberantes afloramentos graníticos e pelo fértil vale da Aramenha que o delimita pelo Sul, sempre dependeu das águas do Rio Sever, que o separa das terras de Espanha pelo nascente e que justificaram os primeiros estabelecimentos humanos nesta região.

Vista da Vila de Marvão
Contrastando com as secas planuras do outro Alentejo, os estreitos vales da falda norte de Marvão oferecem solos leves e bem drenados amenizados por um micro clima que propiciou a fixação humana deste épocas muito recuadas. Na encosta sul, o vale é mais alargado e as terras de areia dão lugar a pesados solos argilosos que os romanos não esqueceram. Entre estes dois territórios naturais emergem na alta e lavada crista quartzítica os fortificados muros de Marvão. Mas as razões que levaram os homens, ao longo de vários séculos, a investirem naquele alcantilado monte teremos que as procurar nos vestígios arqueológicos que o rodeiam.

Em suaves encostas maioritariamente viradas ao Rio Sever, umas vezes disfarçadas por entre os grandes afloramentos graníticos, outras dominando os pequenos vales, fonte do sustento dos seus construtores, vinte e cinco dólmenes monumentalizaram, pela primeira vez as belas e enrugadas paisagens de Marvão. Contrastando com as muito mexidas, violadas, ou mesmo escavadas antas dos concelhos vizinhos, os monumentos megalíticos de características funerárias do concelho de Marvão, porque, intencionalmente esquecidos, configuram-se como uma das poucas reservas científicas de Portugal. Ainda que volumetricamente não se enquadrem entre as de maiores dimensões, as antas de Marvão são o reflexo de uma economia onde os excedentes não seriam muito abundantes, mas suficientes para possibilitarem aos seus construtores o tempo e a conjugação de esforços para a necropolização da paisagem. Algumas, sabiamente reaproveitadas, mas respeitadas ao longo dos milénios, chegaram até nós inseridas em estruturas agrícolas. Desses longínquos 3º e 4º milénios antes de Cristo conhecem-se, na área do concelho de Marvão, para além de vinte e cinco antas , três menires . Destes, dois conservam-se in situ, parte de um terceiro guarda-se no Museu Municipal. Os setenta centímetros do menir da Água da Cuba, provavelmente o de menores dimensões conhecido isoladamente, contrasta com o dos Pombais, talhado directamente num afloramento natural, cuja altura ultrapassa os três metros.

Castelo de Marvão
A utilização dos rochedos de Marvão para refúgio de povoações assoladas por povos invasores, como atalaia ou como ponto estratégico em termos estritamente militares, datará, pelo menos, do período romano.

Com a chegada dos Romanos, outra página começa a ser escrita nas terras de Marvão. As comunidades que sobreviviam nos alcantilados montes descem de novo aos vales. Mais pela força das armas do que por vontade própria, como os vestígios arqueológicos bem o demonstram no Castelo de Vidago, os habitats fortificados da Idade do Ferro sucumbem e as terras com melhor aptidão agrícola começam a ser intensamente exploradas. Várias vilas e casais agrícolas redesenham a paisagem de Marvão. Porto da Espada, Pombais, Pereiro, Amoreiras, Escusa, Garreancho, entre outras de menor dimensão, são locais ocupados por explorações agrícolas romanas. Faustosas casas revestidas por mosaicos, amplos armazéns, moinhos e termas assinalam a riqueza que os romanos souberam retirar dos solos agora por eles ocupados. No Vale da Aramenha, em terras pesadas e férteis e onde a água abunda, pelos inícios do século I, os Romanos instalam uma nova cidade. Ammaia se chamava. Mais do que um grande centro cosmopolita, reconhece-se hoje que Ammaia terá sido uma cidade de lazer, satélite da grande Mérida.

Entre o século V e o IX, um cataclismo, provavelmente o galgamento de uma barragem que reforçaria o abastecimento de água à cidade, cobre sobretudo a parte baixa de Ammaia com um mar de lama e pedras arrastadas pela força das águas incontroláveis. Apenas os muros mais altos e resistentes sobressaem do inesperado e rápido aterramento da cidade.

Com a decadência da estrutura política romana, assiste-se, pelo menos na área do concelho de Marvão a um enxameamento de pequenos núcleos habitacionais implantados em zonas bem disfarçadas na paisagem. A instabilidade que se vive desde o século V até, praticamente, à época da Reconquista Cristã terá contribuído para essa nova reorganização na ocupação do território do actual concelho de Marvão. Mais de uma vintena de pequenos núcleos, alguns rasgados por arruamentos, atribuíveis à Alta-Idade-Média, espalham-se, sobretudo por entre os grandes afloramentos graníticos que marcam a paisagem das encostas viradas a Norte da Serra de Marvão. Mas a grande formação quartzítica que sustenta Marvão parece não ter estado alheia a todos estes e outros episódios.

Passados os períodos de maior instabilidade, marcados pela desagregação do império romano e da chegada dos bárbaros, com o domínio islâmico a paisagem humana do concelho de Marvão assiste a outra viragem. Gradualmente, os pequenos núcleos urbanos que se constituíram com a desorganização da estrutura romana começam a ser abandonados e as gentes afluem à nova fortificação fundada por Ibn Maruán. 

Com a conquista e refortificação de Marvão, pelos cavaleiros da cristandade, assiste-se, então ao completo abandono desses habitats da Alta-Idade-Média, embora, alguns, como sejam os casos de Ranginha e Barretos, se mantivessem continuamente ocupados. Marvão terá chamado a si, nessa altura, as gentes que, de forma algo dispersa ocupavam os pequenos vales desde a decadência do Império Romano, constituindo-se, assim, como um dos espaços fortificados mais importantes a Sul do Tejo durante a Primeira Dinastia.


ARTESANATO TÍPICO

Entre as espécies arbóreas que cobrem os solos do concelho, o castanheiro, assume-se como um elemento de extrema importância na economia local, em especial na vertente sul onde conta com importantes manchas de soutos e castinçais, geradores de emprego e riqueza.

Efectivamente o artesanato que tem como matéria-prima o castanheiro, é um valor que faz parte do património cultural dos marvanenses, possuindo um grande manancial de variantes, onde se destacam os bordados tradicionais com casca de castanha, as escadas em castanho e a cestaria em madeiro de castanheiro.

A cestaria de castanho é um conjunto de entrançados e entrelaçados, cuja origem está ligada à vida doméstica rural, como forma de armazenamento e transporte dos frutos e resguardo das utilidades da casa, compreendendo a técnica de fabricação de cestos e canastras.

Para além do artesanato ligado ao castanheiro pode-se ainda encontrar alguns objectos trabalhados em madeira, cortiça e barro.

     

    
    

Vasco Lopes da Gama

Recordações duma viagem ao Alentejo (IV) - Castelo de Vide

Castelo de Vide é uma vila portuguesa no Distrito de Portalegre, região do Alto Alentejo.

É sede de um município com 264,83 km² de área, subdividido em 4 freguesias. O município é limitado a nordeste por Espanha, a leste pelo município de Marvão, a sul pelo município de Portalegre, a sudoeste pelo município do Crato e a oeste e noroeste pelo município de Nisa.

O carácter romântico da vila de Castelo de Vide, associado aos seus jardins, abundância de vegetação, clima ameno e proximidade da serra de São Mamede, tornou-a conhecida por "Sintra do Alentejo" (esta designação é atribuída ao rei D. Pedro V).
 
Toda a região de Castelo de Vide testemunha a presença do homem desde os tempos mais remotos da sua existência, pois os vestígios arqueológicos, desde o paleolítico até ao tempo actual, comprovam a continuidade da permanência dos ocupantes ao longo das épocas, ex: menir da meada, necrópole megalítica dos coureleiros, construções de falsa cúpula, várias antas.

O património arquitectónico de Castelo de Vide é de uma grande riqueza, é a expressão de uma história plena de vicissitudes, permanecendo vivos os sinais de diferentes ocupações. Merecem destaque o burgo medieval, o castelo, o forte de S. Roque, as muralhas que envolvem a vila, a judiaria, a sinagoga medieval e as portas e janelas ogivais dos séculos XIV a XVI, bem como muitas e belas igrejas. Para além de constituir uma forte atracção turística, o património arquitectónico de Castelo de Vide constitui um elemento de referência na identidade territorial dos seus habitantes. A população residente é de 4144 habitantes, e a economia local assenta principalmente no turismo.




No que diz respeito à fauna e à flora, a diversidade das condições ecológicas aponta para a presença de numerosas comunidades de animais. Aves consideradas raras, como a águia-de-bonelli e o grifo, repartem o território com gaviões, águias cobreiras, peneireiros-cinzentos, milhafres e tartaranhões, havendo ainda a assinalar a presença do bufo-real e da coruja-do-mato. Para além das aves de presa, é de notar a presença da cegonha-negra em Castelo de Vide, enquanto um numeroso grupo de passeriformes povoa os recantos serranos. No seu conjunto, as espécies referenciadas representam mais de metade das dadas como nidificantes no país.

Numa região em que a expressão mediterrânica é manifesta, a presença de carvalhais e castinçais conferem a este Alentejo um sabor de paragens setentrionais, ambas vivem em paredes meias com sobreiros, azinheiras, oliveiras e todo um cortejo de espécies silvestres, algumas das quais raras.

No subsolo encontram-se várias jazidas de cobre, ferro, chumbo, volfrâmio. A qualidade dos seus níveis freáticos permitem o aparecimento de muitas nascentes por todo o Concelho, destacando-se as propriedades das águas minero-medicinais (Vitalis e Castelo de Vide) exploradas mais a sul na zona de granitos, constituíndo um importante recurso industrial. 

Castelo de Vide é quase sinónimo de águas, nascentes e fontes.

  
No século XVIII há notícias que existiam no termo de Castelo de Vide mais de trezentas fontes, algumas das quais certamente já desaparecidas, mas em contrapartida outras foram surgindo. Das várias fontes e fontanários poderemos destacar as seguintes: Fonte da Vila, Fonte do Montorinho, Fonte da Mealhada, Fonte do Ourives, Fonte do Pêro Boi, Fonte de S. Tiago, Fonte de Martinho, Fonte dos Besteiros, Fonte da Sra. da Penha, Fonte Sant'Ana, Fonte do Penedo Monteiro, Fonte Nova, Fonte do Vale Serrão, Pedra do Alentejo.
Vasco Lopes da Gama