Todos os homens, que são pessoas dotadas de razão e de vontade livre e por isso mesmo com responsabilidade pessoal, são levados pela própria natureza e também moralmente a procurar a verdade. (Concílio Vaticano II, Dignitatis Humanae, 2)
É neste contexto que somos levados a debruçar-nos sobre a crise e como sair da difícil situação em que o nosso país está mergulhado.
A retoma económica mundial, que foi possível graças a uma injecção colossal de fundos públicos no circuito económico tem-se mostrado frágil, mas real. O continente Europeu, e muito especialmente Portugal, continua em retracção. Reencontrar o caminho do crescimento económico deixou de ser a prioridade política. A Europa, e Portugal em particular, decidiram enveredar por outra via, a da luta contra os défices públicos.
Para “tranquilizar os mercados” foi improvisado um Fundo de Estabilização do euro e lançados, por toda a Europa, planos drásticos – e em regra cegos – de redução das despesas públicas. Os funcionários públicos são as primeiras vítimas, como sucede em Portugal, através duma redução dos seus salários, para além duma possível diminuição do seu número, pondo em causa alguns dos serviços públicos. Da Holanda a Portugal, passando pela França, com a actual reforma das pensões, as prestações sociais estão em vias de ser severamente amputadas. O desemprego e a precariedade do emprego vão seguramente aumentar, nos próximos anos. De um ponto de vista político e social, mas também num plano estritamente económico, poderá dizer-se que estas medidas se nos afiguram como que de alguma irresponsabilidade.
As medidas propostas, sendo inevitáveis, dada a dimensão da dívida e a desconfiança criada pelo Governo junto dos credores internacionais, não tocam no essencial da gordura do aparelho do Estado e nos interesses da oligarquia dirigente. Mas o pior é que estas medidas, pela sua própria natureza, não são sustentáveis no futuro e não é expectável que se consiga o crescimento sustentado da economia.
Estas medidas matam qualquer economia, e essa é uma razão adicional para as evitar em tempo útil, com bom senso e boa governação. Em qualquer caso, temos a vantagem de ser um pequeno país e acreditamos que as empresas portuguesas e estrangeiras a operar em Portugal poderão reunir as condições para salvar a economia portuguesa.
No entanto, para chegarmos a esse ponto, as empresas precisam de uma estratégia nacional clara e coerente, de um Estado decente e sério e de uma profunda reforma ao nível da exigência educativa. O objectivo principal dos portugueses terá de ser a subida na cadeia de valor através da inovação e de recursos humanos qualificados.
A consolidação das contas públicas parece-nos ser uma condição necessária mas não suficiente. Apenas o crescimento sustentado da economia abrirá novas perspectivas aos portugueses. Mas, neste domínio, iludiu-se, especialmente durante os últimos anos, todos os reais problemas da nossa economia através de um optimismo bacoco e inconsciente.
No entanto, apesar desta reflexão, constatamos que, tal como dizia Winston Churchil, "de vez em quando os homens tropeçam na verdade, mas a maioria deles levanta-se rapidamente e continua o seu caminho como se nada tivesse acontecido".
Vasco Lopes da Gama
Sem comentários:
Enviar um comentário