quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Uma luz ao fundo do túnel

Ainda há poucos dias assistimos pela televisão ao salvamento dos mineiros chilenos da mina de San José.

As imagens da saída dos mineiros, especialmente as dos dois primeiros, foram momentos impressionantes e de grande emoção. Não sei que mais destacar, se a expectativa e a alegria da família dos mineiros, se o empunhar da bandeira do Chile e os gritos de "Viva ao Chile".

Perante estas imagens, dei comigo a pensar com os meus botões – e nós, portugueses, que é feito dos símbolos nacionais do nosso país?

Que me lembre, nos últimos tempos, só empunhámos a bandeira nacional por ocasião dos jogos da nossa selecção nacional de futebol.

Onde está o orgulho de ser português? Não é verdade que Portugal tem uma história verdadeiramente notável? Será que já nos esquecemos da época dos descobrimentos e do que eles significaram para Portugal e para a História Universal? E nos currículos escolares onde está a História de Portugal? Será que temos vergonha de transmitir e dar a conhecer aos nossos jovens os factos e momentos marcantes da história deste país à beira-mar plantado?  

Mas, depois das imagens do salvamento dos mineiros chilenos, os tempos de antena passaram a ser ocupados com a crise e com o orçamento de estado para 2011.

O nosso país vem atravessando um conjunto de crises que nos levam para uma das piores situações económicas de que há memória.

Portugal é uma pequena economia que se debate não só com os efeitos da crise internacional, mas também com uma crise de confiança interna potenciada pelo descalabro das finanças públicas. É por demais evidente a falta de confiança nos nossos políticos, na Justiça, na Saúde e nas Finanças.

Daí que não será de estranhar que os portugueses se vão interrogando sobre algumas questões bem reais para a sua vida e para a dos seus filhos, nomeadamente:

-A cidadania, a solidariedade e o emprego, onde estão? E as tão  propaladas excelências de actuação do Governo, onde estão? Que perspectivas de futuro podemos ter?

-E o défice e a nossa dívida pública? Quando se vai inverter a situação do nosso endividamento? Até quando vamos ter crédito? Será que as medidas de combate à crise são as verdadeiramente adequadas ao momento presente ou, pelo contrário, os nossos governantes se mostram incapazes de implementar as efectivas e reais medidas para fazer cumprir as metas do défice e combater a sério a crise económica?

Nos últimos anos temos vindo a assistir a uma decadência da economia portuguesa, quando tivemos condições para poder exponenciar o nosso crescimento, consolidando ao mesmo tempo o desenvolvimento económico e social. Foi perdida uma oportunidade na nossa história só comparável à da era dos descobrimentos, onde o ouro nos chegava nas naus proveniente do Brasil e das outras colónias. Esta real oportunidade dos nossos dias chama-se Bruxelas e União Europeia, donde tem jorrado dinheiro a peso de ouro.  

Tivemos oportunidades digamos que únicas para formar recursos humanos, modernizar o país, criar infra-estruturas, fazer reformas estruturais e fazer de Portugal um país competitivo e desenvolvido.

Portugal parece andar como que à deriva sem perspectivas de soluções efectivas.

A nossa democracia precisa urgentemente de saber escolher os melhores e os mais devotados à causa pública e não aqueles que nos são servidos numa bandeja prontos para eleições. Será através da pedagogia do exemplo de bons dirigentes que poderemos aspirar a iniciar um processo da construção de um Portugal novo onde dê gosto viver. Tal como refere Henrique Neto, para salvar a economia portuguesa, as empresas precisam de uma estratégia nacional clara e coerente, de um Estado decente e sério e duma profunda reforma ao nível da exigência educativa.

Agora encontramo-nos todos presos e expectantes quanto ao debate na Assembleia da República à volta do orçamento de estado para 2011, na esperança de que governo e oposição propiciem uma negociação séria, tendente a encontrar propostas de melhoria daquele documento e geradoras dos consensos necessários para a sua aprovação.

Se à volta do orçamento de 2011 não houver um consenso para a sua aprovação, creio que, quando conseguirmos, dificilmente, ver a luz ao fundo do túnel, ela terá assim uma cor... vermelha!

Vasco Lopes da Gama

1 comentário:

  1. Bom dia Vasco

    É verdade tudo o que diz.
    Andamos todos ansiosos com este clima e não há família que não se sinta!
    Mas, no meio disto tudo, vamos ver se ganhamos coragem para poder aguentar a bucha que aí vem...quando não, não há psiquiatra que nos valha!!!E depois como seria?
    Tenho uma frase do meu avô" minha filha este povo rapou muita fome, mas sobreviveu!"que me alenta um pouco e ainda consigo pensar que depois de uma tempestade venha a bonança!
    Todos queremos sobreviver!!!
    Um abraço de esperança para si e todos nós.

    http://margui-morgadinha.blogspot.com

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