Antes de se formularem
quaisquer pensamentos, conceitos ou preconceitos a respeito de alguma coisa ou
de alguém, devemos meditar na célebre frase de Leonardo Boff – “todo ponto de vista é a vista de um
ponto” –, do seu livro “A Águia e a Galinha”.
Isto porque todos observam o mundo e elaboram os
seus pontos de vista (conceitos) de acordo com o ponto em que estão, seja este
ponto real e concreto, ou imaginário ou subjetivo.
Para entender e compreender alguém, é necessário
e essencial saber como são os seus olhos, conhecer o seu lugar social e qual é
sua visão de mundo, isto é, como esse alguém vive, com quem convive, que
experiências tem, em que trabalha, que desejos alimenta, como assume os dramas
da vida e da morte e que esperanças o animam.
Muitas vezes, os problemas de
mau relacionamento com os outros e com nós mesmos são motivados pela maneira
como o mundo está a ser visto e interpretado por nós, uma vez que “cada
um lê com os olhos que tem”.
Assim, quando mudamos o ponto
do qual estamos a ver alguma coisa, ou uma atitude de alguém, conseguimos ver e
ter um novo ponto de vista sobre o assunto, sobre a atitude, sobre o sentimento
e pensamento.
Não existe certo, nem
errado, acabamos todos por ter razão, porque “o ponto de vista é que é o ponto da questão”.
E em relação aos nossos filhos,
não é verdade que muitas vezes não os compreendemos e achamos absurdas as suas
ideias sobre a forma de estar na vida e no mundo?
Mas, será que alguma vez
tentámos ver o mundo pelos olhos dos nossos filhos?
Quando estivermos sozinhos em
casa, deitemo-nos na cama do nosso filho e procuremos observar o quarto dele
sob essa perspetiva: procuremos ver o que ele vê quando está na cama, sentir o
que ele sente, ouvir o que ele ouve, entrando no universo dele. Pode ser que encontremos
alguns sinais interessantes, mas não façamos isso com o objetivo de investigar,
ou de descobrir coisas erradas. Devemos fazer isso para ver o mundo com os
olhos dele.
Observemos o guarda-roupa, os
armários e as estantes. Vejamos o que está em primeiro plano. Quais são os
objetos e brinquedos que estão em destaque, e quais são aqueles que já parecem
meio esquecidos. De onde veio este ou aquele objeto? As gavetas das roupas, o
que elas podem refletir do nosso filho? Que odores fazem perceber a presença do
nosso filho? É mesmo um exercício de exploração imaginativa.
Depois vamos até à casa de
banho que ele usa. Fiquemos aí um bom tempo e usemo-la como se fosse ele.
Observemo-la e vejamos como ele deixa o papel higiénico, o sabonete e o
shampoo, a escova de dentes, como está a limpeza do local. Tem revistas?
Procuremos lê-las. Cheiremos as toalhas.
Tudo isto nos parece simples e,
de facto, é! Porém os resultados, podem ser muito importantes. No mínimo,
poderemos vir a ter uma compreensão sobre o nosso filho, sob um ponto de vista
totalmente novo.
Uma outra forma de ver o mundo prende-se com o
ponto de vista cristão. É uma concepção abrangente do mundo, a partir de uma
perspetiva cristã.
A forma como olhamos para qualquer situação é
influenciada pela forma como olhamos o mundo na sua totalidade. Cada ponto de
vista do mundo, cristão ou não cristão, lida com, pelo menos, três questões:
1) De onde viemos? E por que estamos aqui?
2) O que há de errado com o mundo?
3) Como podemos consertá-lo?
O ponto de vista cristão do mundo responde biblicamente
a estas três questões:
1) Somos
criação de Deus, feitos para governar o mundo e ter comunhão com Ele
(Génesis 1:27-28; 2:15);
(Génesis 1:27-28; 2:15);
2) Nós
pecamos contra Deus e sujeitamos todo o mundo a uma maldição (Génesis 3);
3) O
próprio Deus já redimiu o mundo através do sacrifício de Seu Filho, Jesus
Cristo
(Génesis 3:15; Lucas 19:10), e um dia irá restaurar a criação ao seu estado anterior de
(Génesis 3:15; Lucas 19:10), e um dia irá restaurar a criação ao seu estado anterior de
perfeição (Isaías 65:17-25).
O ponto de vista cristão do mundo leva-nos a
crer numa moral única e absoluta, em milagres, na dignidade humana e na
possibilidade de redenção.
Na perspetiva do verdadeiro cristianismo, o
ponto de vista do mundo é mais do que um conjunto de ideias para se usar na
igreja. O cristianismo, como ensinado na Bíblia, já é em si mesmo um ponto de
vista do mundo.
No entanto, o homem de mente materialista acredita que
tudo aquilo que vê com seus olhos – a beleza da natureza que o cerca no mundo
material, as montanhas, as árvores, as flores, o brilho do sol, as nuvens – são factos físicos que existem no seu mundo. Ele não
pode conceber nada além do que pode ver, sentir ou ouvir. Mesmo a vida que se
apresenta através do telescópio, ele aceita-a como parte de seu minúsculo
universo. Ele é incapaz de reconhecer a
magnitude do mundo de Deus - não pode entender Sua grandeza, pois só admite e valoriza as coisas que acrescentam
conforto e prazer à sua vida.
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