sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Esperança e Confiança no Futuro


Há cada vez mais pessoas desiludidas, sem esperança, sem paz, desesperadas, achando que não há solução para as suas angústias e problemas.

Existe um ditado popular que diz que a esperança é a última a morrer. Mas, na verdade, o ritmo acelarado da vida, as obrigações de todos os tipos e as múltiplas atenções impostas pelo ambiente social pervertem, de certo modo, o sentimento que antes caracterizou a vida das famílias, quando não havia tantas pressões para cumprir as exigências do viver diário.

O fato é que existe, por toda a parte, um nervosismo e uma ansiedade coletiva, configurados numa série de curiosos aspectos, e que custa muito a acalmar. Diríamos que, apenas é satisfeita uma necessidade, uma exigência ou um desejo, surgem de imediato outros que, com maior insistência, exigem ser atendidos e resolvidos, muitas vezes em prejuízo da justa medida das conveniências e do bom senso.

A esperança de muitos está fundamentada nos prazeres do mundo: nos bens desta vida, na vaidade da vida, na fama, no sucesso, nas pessoas, no dinheiro e riqueza, no Ter e não no Ser.

A esperança é o sentimento que leva o homem a olhar para o futuro, considerando-o portador de condições melhores que as oferecidas pelo presente, por forma que a luta pela vida e os sofrimentos sejam enfrentados como contingências passageiras, na marcha para um fim mais alto e de maior valor.

A esperança nasce do confronto que o eu estabelece entre o que é - realidade atual; o que foi - o passado; e o que poderá ser − o futuro, a possibilidade. Por isto, a esperança não encerra uma atitude passiva − essa é própria da fé. A esperança implica atividade, extroversão, pois aquele que tem esperança, tem-na para si e para todos. Enquanto vivência ela pode ser individual mas, na sua essência, ela é colectiva. Arriscamos mesmo a dizer que ela é constitutiva da essência do ser humano.

A esperança pode também definir-se como confiança no cumprimento de um desejo ou de uma expectativa. Ela faz parte do nosso dia-a-dia – esperança para a nossa vida, para a nossa família e para a sociedade.

 

Hoje é necessário e imperioso que volte a renascer a confiança, o entusiasmo e a fé no futuro, e, para que isso aconteça, será necessário trabalhar intensa e incansavelmente, a fim de conquistar a paz social, ainda que com sacrifício, sem esquecer a compreensão extraída de todos os acontecimentos passados, para se poder assim reformar a conduta da nossa sociedade, fazendo-o sem receios nem desconfianças, com nobreza e dignidade, pelo caminho que cada um deve percorrer desde o nascimento até à morte.

Atualmente, pensar em confiar no futuro, parece impossível para a maioria das pessoas. A observação da conduta do ser humano, diante das mais variadas situações que se apresentam na vida, faz pensar que o destino da nossa sociedade, é muito preocupante, principalmente no aspecto moral.

Perante isto, interrogamo-nos: como confiar no futuro? Eu confio no meu próprio futuro?

Para o efeito tomemos, como exemplo, o futuro profissional. Nesse caso, há confiança quando a pessoa estuda e se capacita para realizar um bom trabalho e ser bem remunerada pelos serviços prestados. Mas isso não é o bastante para que o indivíduo se sinta plenamente confiante no futuro da sua vida. A profissão corresponde a uma parte importante dela, mas não é tudo. Para que haja equilíbrio, é lógico a necessidade de capacitação em todas as áreas da vida.

Para confiar no futuro e encaminhar a vida de forma mais digna, com bons pensamentos, sentimentos e moral elevada, que devemos fazer? Assim como, na profissão, como estudar e nos capacitarmos para que se confie plenamente no futuro em todos os aspectos da vida?

Em primeiro lugar é necessário fazer uma análise sincera do que se é. Devemos identificar se na nossa mente existem pensamentos que não estão de acordo com os propósitos mais elevados que queremos atingir, assim como os pensamentos que limitam a nossa vida e a nossa conduta, escravizando-nos e tirando-nos a confiança que temos em nós próprios. A partir daí, é possível estudar esses pensamentos, encontrar suas causas, planear estratégias e esforçarmo-nos em lutar contra eles, até conseguirmos enfraquecê-los e assim atuarmos mais livremente. Ainda que se manifestem outras vezes, não impedirão mais que confiemos no futuro, porque este saberá que pode ser diferente do que é superando-se completamente.

A confiança no futuro depende da capacitação mental que cada um adquire com o estudo e as experiências de vida, procurando sentir-se cada vez mais apto em realizar o que se propõe.

Aos mais jovens, dizem os mais velhos, alguns dos políticos, dos intelectuais e dos professores: “Vós, jovens, sois a esperança do futuro!”.  Mas para que isto seja verdade devemos, eventualmente e, primeiro lugar, questionar: Qual o exemplo que os adultos estão a dar às novas gerações? Que valores lhes transmitimos? Os valores da intriga, da inveja e da mediocridade cultural, social e ética?

Não há dúvida de que é nos jovens que teremos a esperança de um futuro melhor, quer para os outros quer para nós próprios. Será aos jovens, que caberá a concretização dessa esperança e que ninguém ponha em dúvida de que eles serão capazes de construir uma sociedade mais justa, equilibrada e otimista para todos.

Mas confiar no futuro consiste também e acima de tudo, em confiar em nós próprios. Na verdade, o que a nossa sociedade precisa, é de verdadeiros líderes, bons modelos, comprometidos com a verdade, com a dignidade, o respeito e cujo objetivo seja a ela servir.


Vasco Lopes da Gama

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

…e o Repórter estava lá!

Filhos de agricultores escolheram deixar o campo

Um flash ficcionado da Região Oeste, contado na primeira pessoa, que acaba por ser um retrato do nosso mundo rural              

“Sem qualidade de vida e sem a criação de incentivos, não há motivação para fixação e permanência no campo”. Esta é a opinião do casal António Mota, de 63 anos, e Isabel Mota, de 61. Os dois trabalham afincadamente na lavoura na sua propriedade de um hectare, na região Oeste. Resignados, não esperam, nem sequer desejam, que os filhos tenham a vida que eles levam.
António e Isabel tiveram quatro filhos. João morreu do coração três meses antes de se formar. Fernando, de 33 anos, é técnico da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte. Manuel, com 30 anos, é mecânico automóvel, em Lisboa, e a Joaquina, de 23 anos, está ainda a estudar em Coimbra.
Com 39 anos de casamento, os dois estão acostumados a trabalhar juntos e sozinhos. Não querem mudar de vida e, muito menos, ouvir falar em morar na cidade, onde já estiveram e de onde não guardam saudade.
–“Fico tonta, nervosa, Lisboa é muito barulhenta tem muito movimento. Apesar de sofrida, a vida do campo é melhor” – diz Isabel, e António concorda com a cabeça.
Separando as laranjas e os diospiros acabados de colher, os dois fazem movimentos repetitivos e precisos, enquanto explicam por que os filhos não se interessam pelo campo. O casal conta que não teve escolha diante dos próprios pais. Naquela época, contam, era quase uma obrigação seguir o exemplo dos pais. E foi o que fizeram.
–“Hoje a cultura é deixar livre para escolher. Então deixamo-los caminharem com as próprias pernas. Quando dei por mim, estava sozinha” – lembra Isabel.
António é mais cético quanto à escolha dos filhos. Para ele, falta qualidade e incentivos à vida no campo. “A rentabilidade da terra diminuiu e na nossa idade a terra é cada vez mais complicada de lidar”. Os Mota acabaram por arrendar parte do terreno, para trabalharem em apenas metade da sua propriedade.
–“O campo não dá dinheiro, por isso os jovens vão-se embora" – diz António. “A nossa vila, tinha 74 agricultores em 1995, hoje tem apenas 28”.
Um seu vizinho, o agricultor Vítor Fonseca, de 64 anos, traz o rebanho de vacas leiteiras a pastar numa zona onde, em tempos, foi o campo de futebol do Clube Desportivo da vila. Os jogos semanais de futebol, que eram o lazer predileto dos homens da terra, já não existem. Faltam jogadores para formar as equipas, onde, até 1990, se disputavam torneios e campeonatos entre as comunidades da zona.
–“Agora, com o que sobrou de gente, não dá sequer para formar uma equipa. O campo de futebol já virou pastagem. Só restam as balizas para lembrar os jogos de antigamente. Não há mais lazer. Agora os homens vão-se divertindo jogando às cartas” – afirma Vitor.
Ele e a mulher, Maria Fonseca, de 64 anos, ficaram sozinhos na propriedade de 2 hectares. Com dois casais de filhos, não houve promessa que fizesse um deles permanecer lá. Para o mais novo, Tiago, de 24 anos, o pai chegou a fazer três propostas. Disse que daria algumas vacas para começar, depois aumentou a oferta. Nada que persuadisse o rapaz a aceitar.
–“Eu investi para ele estudar. Foi para Aveiro e não quer saber de voltar. Trabalha lá numa fábrica” – conta. Os filhos mais velhos, Marília, Patrícia e Renato, moram em centros urbanos.
–“Eu achava que pelo menos um fosse ficar com a gente” – diz, triste, Maria.
O casal está a vender e a desfazer-se das vacas que ainda restam. As terras, vão ser arrendadas, e os dois pensam ficar só com uma pequena parcela de terra para a sua horta, vivendo os dois apenas um para o outro, o resto da sua velhice.
Vasco Lopes da Gama


quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Feliz Natal e Próspero Ano Novo

            
Feliz Natal e um Bom Ano de 2011  
Que este Natal e Ano Novo sejam mais do que confraternizações porque todos os momentos, em especial este novo ano, deverão ser iluminados, abençoados e que os 365 dias, sejam vividos na sua plenitude. Já que Natal significa NASCER, nasçamos então dia 25, para que os doze vinte e cinco dias vindouros, sejam de busca pela paz, conquista, compreensão, reflexão e prosperidade.

Um Feliz Natal e um Bom Ano Novo para todos!

Vasco Lopes da Gama