A língua portuguesa é, de facto, fantástica.
Hoje sentimos vontade de escrever uma pequena crónica sobre uma "coisinha" com duas sílabas que nós, em português,
utilizamos com muita frequência para tentamos traduzir (falando, ou escrevendo),
quase tudo aquilo que num determinado momento gostaríamos de dizer e em que nos
falta a palavra certa para podermos finalizar, concretizar e explicitar uma
nossa ideia e/ou pensamento. Estamos a referir-nos à palavra "COISA". Efetivamente esta
palavra "coisa" tem muitas
aplicações é, por assim dizer, um termo muleta. Coisas do português!
Gramaticalmente,
"coisa" pode ser substantivo,
adjetivo, advérbio. Também pode ser verbo sob a forma "coisar" e "coisificar".
A "coisa"
não tem sexo: pode ser masculino ou feminino. A "coisa" também não tem tamanho.
Devemos ainda não nos esquecer de que é preciso
colocar cada "coisa" no seu
devido lugar. Uma "coisa"
de cada vez, é claro, pois uma "coisa"
é uma "coisa", outra "coisa" é outra "coisa", assim como "tal coisa" e "coisa e tal".
Para um pobre a "coisa" está sempre feia. Para o rico, a "coisa" está sempre boa. Mas será que é mesmo assim?
É consensual que as pessoas foram feitas e
criadas para serem amadas e as "coisas"
para serem usadas. Então porque é que amamos tanto as "coisas" e usamos tanto as pessoas?
Como o mundo poderia ser bem diferente se
cada um de nós metesse na sua cabeça e interiorizasse que as melhores "coisas" da vida não são "coisas", pois há "coisas" que o dinheiro
não compra ─ a paz, a saúde, a alegria e mais umas outras "coisas".
A propósito, estamos em ano de eleições
e, certamente, vamos ter muita “coisa”
para tentar confundir e enganar os eleitores. Por isso vamos ficar de olho
nessas "coisas" para que, ao colocarmos
o nosso voto, o façamos em consciência e de forma a darmos valor a essas "coisas".
Esperamos
que com a reflexão desta crónica possamos ter contribuído para um melhor entendimento
do "espírito da coisa"!
Vasco Lopes da Gama