Estamos numa época de depressão e de recessão, sem termos a menor ideia do tempo que vai durar e da dureza que vai ter.
Entrevistas, mesas redondas, conferências, colóquios, gráficos, números e diagnósticos, são apresentados quase todos os dias sobre a crise económica e financeira atual. Mas o problema é que ninguém aponta saídas e soluções para o "buraco" em que nos encontramos.
Todos repetem as já estafadas necessidades de reduzir os gastos do estado e aumentar as exportações. Pois é, mas como e quando?
Ao contrário das anteriores mentiras sobre o "oásis", do país onde a crise acabou, do país em recuperação económica, do país das grandes obras e dos grandes investimentos ─ a verdade é que começamos a entender que Portugal está descapitalizado e falido, sem uma banca sólida e de confiança, sem riqueza, sem crescimento e sem perspetivas.
Parece que todos nós levamos tempo para nos consciencializarmos das coisas e o princípio leninista de que uma mentira repetida muitas vezes, passa a verdade, tem continuado a fazer escola.
A verdadeira e principal questão não é a economia, nem as finanças. A questão é que estamos perante uma dramática crise política. Dizendo melhor, nós temos problemas económicos e financeiros, mas eles derivam e são consequência de uma profunda crise política e dos políticos.
A herança desta crise será para as próximas gerações endividadas. A geração dos nossos filhos, que em nada contribuíram para esta crise é que terão de pagá-la com os seus impostos e taxas.
Não é difícil acreditar e até aceitar a ideia de que a maioria das asneiras feitas, terá sido feita com boas intenções, mas, como se costuma dizer, de boas intenções está o inferno cheio!... Por isso não se podem retirar responsabilidades àqueles que as cometeram.
A crise política em que estamos mergulhados assenta em três vertentes: a qualidade do sistema político, o modo de funcionamento do sistema político e a qualidade dos políticos.
Quanto à economia, ela não deve ser encarada como um fim em si mesmo, devendo antes derivar de uma política e ser instrumento de uma estratégia. Por outro lado, o sistema financeiro deve pautar o seu objetivo fundamental no apoio à economia e, ao mesmo tempo, procurar dar resposta às preocupações sociais.
Por tudo isto é compreensível a dificuldade dos economistas apresentarem soluções para o nosso futuro, já que tinham que entrar por opções políticas com que não se querem comprometer ─ sendo certo que só homens honestos e competentes poderão fazer o país sair da difícil situação em que estamos mergulhados.
Mas será que isso só vai acontecer quando for demasiado tarde?Vasco Lopes da Gama