quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A culpa é da crise!

Estamos numa época de depressão e de recessão, sem termos a menor ideia do tempo que vai durar e da dureza que vai ter.
Entrevistas, mesas redondas, conferências, colóquios, gráficos, números e diagnósticos, são apresentados quase todos os dias sobre a crise económica e financeira atual. Mas o problema é que ninguém aponta saídas e soluções para o "buraco" em que nos encontramos.
Todos repetem as já estafadas necessidades de reduzir os gastos do estado e aumentar as exportações. Pois é, mas como e quando?
Ao contrário das anteriores mentiras sobre o "oásis", do país onde a crise acabou, do país em recuperação económica, do país das grandes obras e dos grandes investimentos ─ a verdade é que começamos a entender que Portugal está descapitalizado e falido, sem uma banca sólida e de confiança, sem riqueza, sem crescimento e sem perspetivas.
Parece que todos nós levamos tempo para nos consciencializarmos das coisas e o princípio leninista de que uma mentira repetida muitas vezes, passa a verdade, tem continuado a fazer escola.
A verdadeira e principal questão não é a economia, nem as finanças. A questão é que estamos perante uma dramática crise política. Dizendo melhor, nós temos problemas económicos e financeiros, mas eles derivam e são consequência de uma profunda crise política e dos políticos.
A herança desta crise será para as próximas gerações endividadas. A geração dos nossos filhos, que em nada contribuíram para esta crise é que terão de pagá-la com os seus impostos e taxas.
Não é difícil acreditar e até aceitar a ideia de que a maioria das asneiras feitas, terá sido feita com boas intenções, mas, como se costuma dizer, de boas intenções está o inferno cheio!... Por isso não se podem retirar responsabilidades àqueles que as cometeram.
A crise política em que estamos mergulhados assenta em três vertentes: a qualidade do sistema político, o modo de funcionamento do sistema político e a qualidade dos políticos.
Quanto à economia, ela não deve ser encarada como um fim em si mesmo, devendo antes derivar de uma política e ser instrumento de uma estratégia. Por outro lado, o sistema financeiro deve pautar o seu objetivo fundamental no apoio à economia e, ao mesmo tempo, procurar dar resposta às preocupações sociais.
Por tudo isto é compreensível a dificuldade dos economistas apresentarem soluções para o nosso futuro, já que tinham que entrar por opções políticas com que não se querem comprometer ─ sendo certo que só homens honestos e competentes poderão fazer o país sair da difícil situação em que estamos mergulhados.
Mas será que isso só vai acontecer quando for demasiado tarde?
Vasco Lopes da Gama

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Ano Novo, Vida Nova!


Após ausência de algumas semanas, volto hoje a este espaço de comunicação e partilha de algumas das minhas reflexões, esperando retomá-lo com uma regular continuidade.
Apesar de estarmos no início do mês de fevereiro e sendo este o meu primeiro tema deste ano, tomei a liberdade de partilhar convosco a minha reflexão sobre a famosa frase feita, que se repete em todos os finais e início de ano ▬ “Ano Novo, Vida Nova!”.
De facto, quem nunca ouviu ou disse essa frase? Trata-se de um lugar-comum que nos traz esperança, sonhos, desejos, aspirações… Mas alguém já parou para pensar no seu real sentido? No fundo trata-se duma visão nada romântica desse slogan inventado por algum ser humano insatisfeito com o ano que passou.
Todos os anos dizemos que no próximo ano uma vida nova recomeçará. É como se nossas vidas fossem cronómetros de 12 meses, que passam a zero no final de dezembro e que janeiro é colocado como o mês oficial da mudança, o mês oficial da esperança, mas, todos, continuamos com a mesma vida com que, supostamente, acabámos no ano anterior.
O ano que se inicia é novo, verdade! Mas nossa vida é a mesma! Normalmente, no primeiro dia útil, após o período festivo, voltamos para as nossas mesmas cadeiras, os nossos mesmos escritórios, os nossos mesmos empregos. Continuamos com o mesmo carro, o mesmo apartamento, os mesmos amigos. Temos as mesmas manias, a mesma personalidade, os mesmos problemas. Onde está então, a tal da Vida Nova?
Trata-se dum modo de falar. Não digo que é mau ter esperança, pelo contrário, ela traz o sonho de um futuro melhor, dá-nos forças para seguir em frente. A esperança não deve aparecer somente à meia-noite do dia 31 de dezembro, mas sim acompanhar-nos em todos os dias do ano.
Como seria bom que o novo ano de 2011 nos trouxesse realmente uma vida nova. As crises que atravessamos, a internacional e a interna, fossem aproveitadas para mudarmos a nossa maneira de ver as coisas, o nosso entendimento da política e dos políticos, o nosso olhar para o estado de Portugal. A crise interna, que para além de económica é acima de tudo de valores, pudesse ser mais facilmente ultrapassada com mais e melhor educação, com mais e melhor ensino, com mais e melhor cultura, e também com mais e melhor democracia.
Há dez anos que o nosso país não cresce e quase todos os números são maus, todos os nossos indicadores estão no fundo da Europa. Temos por isso de mudar o rumo que os portugueses estão a levar, e isso está nas nossas mãos. Com o bater das doze badaladas da meia-noite, no último suspiro do ano velho, as esperanças renovam-se e os desejos intensificam-se. Comem-se as passas e pedem-se coisas, em voz baixa, quase em segredo, com o desejo de que o novo ano venha a ser muito diferente, para melhor, do que acaba de falecer, e nos venha trazer tudo o que desejamos e pelo que andamos a lutar já há muito tempo.
Quantos de nós, naquela altura do ano, não decide mudar alguma coisa na sua vida? Deixar de fumar; fazer dieta e perder peso, mudar de emprego,  ... É um rol interminável de projectos que, na maior parte dos casos, já foram esquecidos ao fim de alguns dias. Hoje em dia a vida decorre a uma velocidade tal que nós esperamos, desejamos, exigimos resultados rápidos e esquecemo-nos de que há coisas que levam o seu tempo a ser concretizadas.
O nascer dum novo ano traz sempre uma nova visão da vida, repleta de boas intenções e presságios. Para trás ficam o Ano Velho, as deceções e as recordações das desgraças.
Neste novo ano, quero que, dentro de mim, só existam pensamentos positivos, coisa que eu sei ser utópica, mas que quero tentar vir a ter diariamente. O dia a dia do meu país, e o meu próprio, não mo vão deixar, com os problemas que não vão deixar de continuar a existir, e com os outros que nos virão a ser criados todos os dias.
No entanto, não nos devemos esquecer que os pensamentos positivos são meio caminho andado para obter sucesso. È necessário e importante aprendermos a rir e a acreditar em nós próprios e nas nossas capacidades. E, sobretudo, nunca devemos perder a esperança, pois ela dá-nos uma força extraordinária, tornando-nos capazes de mover montanhas e conseguirmos a realização dos nossos desejos.
Um bom Ano de 2011 para todos!
Vasco Lopes da Gama